sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SERÁ MESMO QUE O DI NÃO FOI REFUTADO? Parte 4

4- Existem Trabalhos Sobre a Evolução Dos Sistemas Ditos "Irredutivelmente Complexos", o Que Prova Que Esses Sistemas Foram "Gerados" e Evoluíram de Forma Gradual
Ora, existem vários trabalhos que tentam explicar a evolução dos sistemas irredutivelmente complexos, mas isso não significa que esses sistemas tenham se originado e evoluído de forma gradual. Em seu livro, Behe demonstra um trabalho tentando explicar a evolução do coágulo sanguíneo. O trabalho pode ser encontrado na internet: Doolittle, R.F. (1993)," The Evolution of Vertebrate Blood Coagulation: A Case of Yin and Yang", Thrombosis and Haemostasis, 70, p.24-8
Behe refuta o trabalho de Doolittle embasado na bioquímica. Ele escreve em diversas folhas e tecnicamente porque as coisas que Doolittle escreveu em seu trabalho são irreais para o atual conhecimento da bioquímica. E expõe algumas palavras que podemos encontrar no trabalho de Doolittle como "surgiu", "apareceu", etc, sugerindo que essas palavras escondem uma enorme dificuldade do autor para explicar o surgimento e a evolução de muitos componentes do coágulo sanguíneo.Ou seja, em nenhum momento temos a REAL EXPLICAÇÃO da evolução do coágulo sanguíneo.

Caso Doolittle tenha errado, ele deve ser corrigido, mas nada, automaticamente, valida o DI como teoria alternativa.

Complexidade irredutível é mais um argumento da preguiça em que se “chuta” tudo para um suposto ser inteligente. Ou seja, não resolve nada, simplesmente é o mesmo que dizer: “permaneça ignorante”.

Vejamos abaixo sobre o que existe a respeito da coagulação:


A coagulação é irredutivelmente complexa? (aqui)

Alegação
A bioquímica da coagulação sanguínea é irredutivelmente complexa, indicando que ela deve ser o produto de um design.
Fonte
Behe, Michael J. 1996. Darwin's Black Box, New York: The Free Press, pp. 74-97.

Resposta
Os sistemas de coagulação parecem ser formados por qualquer cadeia polimérica que estiver à mão. Existem muitos exemplos de sistemas complicados feitos de componentes que são úteis, mas tem papéis completamente diferentes em componentes diferentes. Há também evidência de que os genes responsáveis pela coagulação (de fato, o genoma inteiro) foram duplicados duas vezes no curso da evolução (Davidson et al. 2003). A duplicação de partes e a interação delas com diferentes funções resolvem o desafio da evolução gradual do processo de coagulação.

Vemos também que a coagulação não é irredutivelmente complexa. Alguns animais – golfinho, por exemplo – se dão muito bem sem o fator Hagemann (Robinson et al. 1969), um componente no sistema de coagulação humano que Behe alega ser irredutivelmente complexo. (Behe 1996, 84). Doolittle and Feng (1987) previram que vertebrados “inferiores” não teriam o “caminho de contato” da coagulação sanguínea. Trabalhos com o genoma de baiacus confirmaram essa previsão (Yong and Doolittle 2003).

Por fim, vemos novamente o argumento da incredulidade pessoal. Mesmo que a evolução não pudesse explicar a coagulação (o que não é verdade), não significa necessariamente que um designer é a resposta.

Ao que parece, de acordo com a literatura da área (ver aqui, aqui versão traduzida), apenas Behe tem refutado os trabalhos de Doollitle, aqui e aqui , bem como o de outros.

Segue também o Julgamento de Dover, onde as falácias do DI foram uma a uma desmistificadas conforme a explanação aqui.

Como pode-se notar, se abertos os links, há dúzias de trabalhos que refutam a idéia apresentada por vc Gabriel. Aqui temos mais links de bibliografias. Mas elas devem ser todas irrelevantes...

"O papel aceita tudo", já dizia o velho ditado. Resta saber se o que está no papel pode ser demonstrado, pois ciência se faz com demonstração. Em muitos sites pela internet você pode encontrar argumentos como esses e outros diferentes. O fato é que, como já escrito no início desse poster: É preciso que os cientistas demonstrem que os sistemas conhecidos como "irredutivelmente complexos" se originaram e evoluíram de maneira gradual. Se isso não for mostrado, o Design Inteligente não pode ser refutado. E nós sabemos muito bem que demonstrar o passo-a-passo da evolução desses sistemas é IMPOSSÍVEL, pois a evolução desses sistemas ocorreu há milhões de anos atrás [Pelo menos é isso o que nos diz a Teoria da Evolução] e tudo o que pode ser feito nesse sentido, é pressupor que foi da maneira "x" que aconteceu a evolução do sistema "x".

Sua reivindicação a respeito da “demonstração de que os sistemas conhecidos como "irredutivelmente complexos" se originaram e evoluíram de maneira gradual” há muito já foi atendida, porém, Gabriel, você ainda não se deu conta, uma vez que se recusa a aceitar tudo aquilo que contraria sua ideologia.

Veja abaixo temas sobre a complexidade irredutível em estruturas bioquímicas e sua refutação. Segue a bibliografia:

Complexidade irredutível prova o design?

Alegação:
Alguns sistemas bioquímicos são irredutivelmente complexos, o que significa que a remoção de uma das partes destrói a funcionalidade de todo o sistema. Complexidade irredutível elimina a possibilidade de um sistema ter evoluído, portanto só pode ter sido obra de um designer.

Fonte: Behe, Michael J. 1996. Darwin’s Black Box, New York: The Free Press.

Resposta:
Behe em sua argumentação falha em vários pontos.

Primeiro, porque ele alega que um sistema que ele chama de irredutivelmente complexo não pode ter surgido pela evolução. Isso não é verdade.

Se ele chama de irredutivelmente complexo um sistema que perde sua função se uma de suas partes for removida, isso significa apenas que um sistema não pode ter evoluído pela adição de partes prontas, que nunca mudam de função. Isso ainda deixa livre muitas outras possibilidade evolucionárias, tais como:

· Deleção de partes;
· Adição de múltiplas partes, por exemplo, a duplicação de grande parte ou da totalidade do sistema (Pennisi 2001);
· Mudanças de funções;
· Adição de uma segunda função para uma das partes (Aharoni et al 2004);
· Mudanças graduais das partes.

Todos esses mecanismos foram observados em mutações genéticas. Inclusive deleção e duplicação genética são bastante comuns (Dujon et al. 2004; Hooper and Berg 2003; Lynch and Conery 2000), e fazem a complexidade irredutível não apenas possível, mas também esperada.

De fato, ela foi prevista pelo geneticista ganhador do prêmio Nobel Hermann Muller quase um século atrás (Muller 1918, 463-464), porém ele chamou de “complexidade interconectada” (Muller 1939).

Ou seja, simplesmente porque algo é irredutivelmente complexo agora, não significa que sempre foi assim. As partes podem mudar de função, ou ganhar ou perder funções, ou ter mais de uma função, etc. Se olharmos para um sistema pronto e acharmos que ele já veio pronto dessa forma, com as funções sempre daquela forma, sem nunca terem mudado, é óbvio que vamos imaginar ter sido impossível terem surgido pela evolução. Mas evolução ensina exatamente o contrário, que os seres não são fixos, que novas funções podem surgir e desaparecer ao longo do tempo.

A segunda falha no raciocínio de Behe é que ele está partindo de uma argumentação negativa. Ou seja, segundo ele, se A não é possível, então B automaticamente é verdade. Não é assim que se faz ciência, pois ao invés de provar B, como deveria ser, ele tenta provar que A não é possível.

Se fosse assim, poderíamos dizer que se a Terra não é plana, então ela é cônica. Pode parecer ridículo, e de fato é, mas é o mesmo raciocínio que Behe toma quando diz que se a evolução não ocorre, então só pode ter sido um designer, eliminando qualquer outra possibilidade. Não passa de um apelo à ignorância.

A terceira falha na argumentação de Behe é que alguns sistemas apontados por ele como irredutivelmente complexos na verdade não o são. Muitos deles podem manter sua função, apesar de não tão bem, sem várias de suas partes, por exemplo:

· A ratoeira poderia funcionar sem a base, sem a isca ou até outras partes;

· O flagelo bacteriano poderia continuar sendo usado como propulsor mesmo sem várias de suas proteínas. É sabido que muitas das proteínas do flagelo eucariótico (também chamado cilium ou undulipodium) são dispensáveis, porque tais flagelos existem são conhecidos, e não possuem as proteínas, e ainda assim são funcionais;

· Mesmo com o exemplo da complexidade do transporte de proteínas de Behe, existem outras proteínas que não precisam de transporte.

O sistema imunológico que Behe diz ser irredutivelmente complexo na verdade não o é, porque os anti-corpos que marcam as células invasoras para serem destruídas também podem servir como sistema de defesa, destruindo eles mesmos, apesar de forma não tão eficiente.

Referências
TalkOrigins Archive. n.d. Irreducible complexity and Michael Behe.
http://www.talkorigins.org/faqs/behe.html
Aharoni, A., L. Gaidukov, O. Khersonsky, S. McQ. Gould, C. Roodveldt and D. S. Tawfik. 2004. The ‘evolvability’ of promiscuous protein functions. Nature Genetics [Epub Nov. 28 ahead of print]
Bridgham, Jamie T., Sean M. Carroll and Joseph W. Thornton. 2006. Evolution of hormone-receptor complexity by molecular exploitation. Science 312: 97-101. See also Adami, Christopher. 2006. Reducible complexity. Science 312: 61-63.
Dujon, B. et al. 2004. Genome evolution in yeasts. Nature 430: 35-44.
Hooper, S. D. and O. G. Berg. 2003. On the nature of gene innovation: Duplication patterns in microbial genomes. Molecular Biololgy and Evolution 20(6): 945-954.
Lynch, M. and J. S. Conery. 2000. The evolutionary fate and consequences of duplicate genes. Science 290: 1151-1155. See also Pennisi, E., 2000. Twinned genes live life in the fast lane. Science 290: 1065-1066.
Meléndez-Hevia, Enrique, Thomas G. Waddell and Marta Cascante. 1996. The puzzle of the Krebs citric acid cycle: Assembling the pieces of chemically feasible reactions, and opportunism in the design of metabolic pathways during evolution. Journal of Molecular Evolution 43(3): 293-303.
Muller, Hermann J. 1918. Genetic variability, twin hybrids and constant hybrids, in a case of balanced lethal factors. Genetics 3: 422-499.
http://www.genetics.org/content/vol3/issue5/index.shtml
Muller, H. J. 1939. Reversibility in evolution considered from the standpoint of genetics. Biological Reviews of the Cambridge Philosophical Society 14: 261-280.
Pennisi, Elizabeth. 2001. Genome duplications: The stuff of evolution? Science 294: 2458-2460.
Ussery, David. 1999. A biochemist’s response to “The biochemical challenge to evolution”. Bios 70: 40-45.
http://www.cbs.dtu.dk/staff/dave/Behe.html
Gray, Terry M.. 1999. Complexity–yes! Irreducible–maybe! Unexplainable–no! A creationist criticism of irreducible complexity. http://tallship.chm.colostate.edu/evolution/irred_compl.html
Lindsay, Don. 1996. Review: “Darwin’s black box, the biochemical challenge to evolution” by Michael Behe.http://www.don-lindsay-archive.org/creation/behe.html
Miller, K. 1999. Finding Darwin’s God. Harper-Collins, chap. 5.
Shanks, N. and K. H. Joplin. 1999. Redundant complexity: A analysis of intelligent design in biochemistry. Philosophy of Science 66: 268-298.
http://www.asa3.org/ASA/topics/Apologetics/POS6-99ShenksJoplin.html

O flagelo é irredutivelmente complexo?

Alegação:
O flagelo bacteriano é irredutivelmente complexo, pois como partes não funcionais não podem ser preservadas pela seleção natural, esses sistemas só podem ser explicados pelo design inteligente.

Fonte: Behe, Michael J. 1996. Darwin’s Black Box, New York: The Free Press, pp. 59-73.

Resposta:
Essa argumentação de Behe, bem como de todo o design inteligente, é baseada apenas na incredulidade pessoal, também chamado apelo à ignorância. Ao invés de provar a existência do designer, como a ciência normal tentaria fazer, eles tentam achar falhas na teoria da evolução, como se ao invalidar um, automaticamente valida o outro.

De fato muitas das proteínas do flagelo bacteriano são similares entre si ou similares a proteínas com outras funções. Sua origem pode ser facilmente explicada como uma série de duplicações genéticas seguidas por modificação e/ou co-interação, procedendo gradualmente entre sistemas intermediários desde um flagelo simples até o flagelo final.
Um caminho plausível para a evolução do flagelo segue os seguintes passos básicos (tenha em mente que esse é um resumo, e que grandes interações seriam seguidas por longos períodos de otimização das funções):

1) Poros passivos gerais evoluem para poros mais específicos pela adição de proteínas. Transporte passivo é convertido a transporte ativo pela adição de ATPase à hidrólise de ATP da capacidade de exportação aprimorada.

2) O sistema de exportação tipo-III é convertido para um sistema de secreção tipo-III (T3SS) pela adição de membranas porosas protéicas (secretina e secretina chaperone) do sistema de secreção tipo-II. Eles eventualmente formam os anéis P e L, respectivamente, do flagelo moderno. O sistema secretor moderno tipo-III forma uma estrutura muito parecida com a estrutura de mastro e anel do flagelo (Hueck 1998; Blocker et al. 2003)

3) O T3SS secreta diversas proteínas, uma das quais é a adesina (uma proteína que gruda a célula em outras células ou em um substrato). A polimerização dessa adesina forma um filamento primitivo, uma extensão que dá a célula uma melhor capacidade adesiva. Depois da evolução do filamento T3SS, ele se diversifica para várias outras tarefas especializadas, por duplicação e subfuncionalização.

4) Um sistema de bomba iônica com outra função na célula se torna associada com a base do sistema secretor da estrutura, convertendo o filamento em um primitivo protoflagelo. A função inicial do protoflagelo é uma melhor dispersão. Homólogos do motor de proteínas MotA e MotB são conhecidas e funcionam em diversos procariontes independentes do flagelo.

5) A ligação de uma proteína que transmite um sinal na base do sistema secretor regula a velocidade de rotação, dependendo da saúde metabólica da célula. Isso impõe um impulso na direção de regiões favoráveis e para longe de regiões de poucos nutrientes, como aqueles encontrados em habitats com superpopulação. É o começo da mobilidade químico-tática.

6) Vários outros melhoramentos continuam no recém formado flagelo. Todos os componentes são originados por duplicação e subfuncionalização da estrutura axial do filamento do flagelo primitivo . Essas proteínas acabam formando a família protéica axial.

O flagelo bacteriano nem mesmo é irredutivelmente complexo. Alguns flagelos bacterianos funcionam sem os anéis L e P. Em experimentos com várias bactérias, alguns componentes ( por exemplo, FliH, FliD, e o domínio muramidase do FlgJ), são importantes mas não essenciais (Matzke 2003). Um terço dos 497 aminoácidos dos flagelos foram cortados sem prejudicar sua função (Kuwajima 1988). Mais ainda, muitas bactérias tem proteínas adicionais que são necessário para o seu próprio flagelo, mas não no bem estudado flagelo “padrão” E. coli.

Diferentes bactérias tem números diferentes de proteínas nos flagelos (no Helicobacter pylori, por exemplo, apenas 33 proteínas são necessárias para produzir um flagelo funcional), então o exemplo favorito de Behe para complexidade irredutível parece mais mostrar uma grande variedade numérica de partes necessárias (Ussery 1999).

Cílios eucarióticos são feitos de mais de 200 proteínas distintas, mas até aqui a irredutibilidade é ilusória. Behe (1996) implica e Denton (1986) alega explicitamente que tubulares 9+2 comuns da estrutura dos cílios não podem ser simplificados. No entando, cílios 3+0, faltando muitos microtúbulos e também outras estruturas, existem e são conhecidos (Miller 2003, 2004).

Outro exemplo de como o flagelo não é irredutivelmente complexo pode ser encontrado na bactéria Yersinia pestis, responsável pela transmissão da peste bubônica. O flagelo dessa bactéria não roda, portanto não é usado como motor. Porém é usado como agulha para infectar o hospedeiro. Na estrutura do Y. pestis, apesar de extremamente similar, faltam muitas proteínas que estão presentes no flagelo E. coli, porém ainda assim ela é plenamente funcional.

Aqui tem um vídeo bem explicativo de como o flagelo bacteriano pode ter evoluído.

E por isso a idéia de complexidade irredutível é falha. Ela supõe que as estruturas sempre foram fixas, imutáveis, porém a evolução prevê exatamente o contrário, mudanças constantes, o tempo todo.

Referências:
Matzke, N. J. 2003. Evolution in (brownian) space: a model for the origin of the bacterial flagellum.
http://www.talkdesign.org/faqs/flagellum.html or http://www.talkreason.org/articles/flag.pdf (see also ‘Background to “Evolution in (Brownian) space”‘, http://www.talkdesign.org/faqs/flagellum_background.html orhttp://www.talkreason.org/articles/flagback.cfm)
Dunkelberg, Pete. 2003. Irreducible complexity demystified http://www.talkdesign.org/faqs/icdmyst/ICDmyst.html
Musgrave, Ian. 2000. Evolution of the bacterial flagella. http://www.health.adelaide.edu.au/Pharm/Musgrave/essays/flagella.htm
Blocker, Ariel, Kaoru Komoriya, and Shin-Ichi Aizawa. 2003. Type III secretion systems and bacterial flagella: Insights into their function from structural similarities. Proceedings of the National Academy of Science USA 100(6): 3027-3030. http://www.pnas.org/cgi/content/full/100/6/3027
Cavalier-Smith, T. 1987. The origin of eukaryote and archaebacterial cells. Annals of the New York Academy of Sciences 503: 17-54.
Cavalier-Smith, T. 2002. The phagotrophic origin of eukaryotes and phylogenetic classification of Protozoa. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology 52: 297-354.
Denton, M. 1986. Evolution: A Theory in Crisis. Bethesda, MD: Adler & Adler.
Hueck, C. J. 1998. Type III protein secretion systems in bacterial pathogens of animals and plants. Microbiology and Molecular Biology Reviews 62: 379-433.
Kuwajima, G. 1988. Construction of a minimum-size functional flagellin of Escherichia coli. Journal of Bacteriology 170: 3305-3309.
Miller, K. 2003. Answering the biochemical argument from design. in: Manson, N. (Ed.), God and design: the teleological argument and modern science, Routledge, London, pp. 292-307.
http://www.millerandlevine.com/km/evol/design1/article.html
Miller, K. 2004. The flagellum unspun. In Debating Design: from Darwin to DNA, 81-97, eds. Dembski, W., and M. Ruse, New York: Cambridge University Press. http://www.millerandlevine.com/km/evol/design2/article.html
Ussery, D. 1999. (see below)
Ussery, David. 1999. A biochemist’s response to “The biochemical challenge to evolution”. Bios 70: 40-45.
http://www.cbs.dtu.dk/staff/dave/Behe.html


Conclusão:

Realmente, Gabriel, o ditado se confirma: o papel aceita tudo, até mesmo o DI. Pelo que percebi, sua proposta é sustentar o insustentável. Continue assim.

SERÁ MESMO QUE O DI NÃO FOI REFUTADO? Parte 3

2- Quem Planejou o Designer? Não Existe Tal Resposta, Portanto, a Teoria do Design Inteligente é Uma Farsa

Ora, já dissemos que a Teoria do Design Inteligente não estuda o Designer, mas o Design. Mas quanto a essa pergunta, ela é bem respondida no vídeos que se encontram Aqui.

Bem, ela não estuda o designer, mas faz muitas alusões a ele. Mas como já comentado anteriormente, é irrelevante estudá-lo...

Uma teoria que se preza, ao alegar determinada circunstância, terá de confirmá-la ou rechaçá-la e não simplesmente alegar e deixar para lá, se escondendo sob o manto da irrelevância. Grandes cientistas!!!

3- Na Natureza Podemos Perceber Sistemas Mais Simples e Mais Complexos, Logo, Podemos Dizer Que Isso é Uma Resposta De Como Um Sistema Irredutivelmente Complexo Se Originou e Evoluiu De Maneira Gradual

Para entender esse argumento, eu deixo o seguinte link para o leitor: http://knol.google.com/k/francisco-quiumento/olho-e-a-redutibilidade-de-sua/2tlel7k7dcy4s/46
Pois Behe já tinha mencionado isso em seu livro e chamou esse exemplo de "retórica": "Vejamos a seguinte paráfrase do argumento de Darwin: embora seres humanos tenham olhos complexos como câmeras, muitos animais conseguem viver com menos que isso. Algumas criaturas minúsculas dispõem de um grupo simples de células pigmentadas - não mais do que um ponto sensível à luz. Dificilmente se poderia dizer que esse arranjo simples lhe conferiria o sentido da visão, mas tais criaturas poderiam sentir luz e escuridão e dessa maneira, atender às suas necessidades. O órgão sensível à luz de algumas estrelas do mar é um pouco mais sofisticado. O olho se localiza em uma região rebaixada.

Uma vez que a curvatura da depressão bloqueia a luz vinda de algumas direções, o animal pode reconhecer a direção de onde ela vem. O senso direcional do olho melhora se a curva se torna mais pronunciada, embora uma maior curvatura reduza também o volume de luz que entra no olho, diminuindo sua sensitividade. Esta pode ser aumentada pela colocação de material gelatinoso na cavidade, a fim de servir de lente. Alguns animais modernos têm olhos dotados dessas lentes grosseiras. Melhoramentos graduais nas lentes poderiam criar imagens cada vez mais nítidas para atender aos requisitos do ambiente em que o animal vive.
Utilizando um raciocínio desse tipo, Darwin convenceu muitos de seus leitores de que um caminho evolutivo vai do mais simples ponto sensível à luz ao sofisticado olho-câmera do homem. A questão de como a visão começou, no entanto, continuou sem resposta. Darwin persuadiu grande parte do mundo moderno de que o olho evoluiu aos poucos, a partir de uma estrutura mais simples, mas sequer tentou explicar de onde veio esse ponto de partida - o ponto relativamente simples à luz[...] Agora que a caixa preta da visão foi aberta, não é mais aceitável que uma explicação evolutiva dessa capacidade leve em conta apenas as estruturas anatômicas de olhos completos, como fez Darwin no século XIX (e como continuam a fazer hoje os popularizadores da evolução). Todas as etapas e estruturas anatômicas que Darwin julgou tão simples implicam, na verdade, processos biológicos imensamente complicados que não podem ser disfarçados por retórica. Verifica-se hoje que os saltos metamórficos de Darwin, de um morrote a outro, foram muitas vezes saltos enormes entre máquinas cuidadosamente construídas - distâncias que exigiriam um helicóptero para serem cruzadas em uma única viagem[...] A anatomia, nos termos mais simples, é irrelevante para se descobrir se a evolução poderia ou não ocorrer no nível molecular". (pág. 26, 31 e 32)

Bem Gabriel, aqui você comete um erro feio... O olho foi a “pedra no sapato” de Darwin, ou seja, foi o exemplo que ele realmente não soube explicar, dentre muitos outros por falta de conhecimento a sua época. Apenas o fez valendo-se de hipóteses.

Darwin temeu que por tais exemplos á época, serem inexplicáveis poderiam derrubar sua teoria. Porém demonstrou de forma elegante que olhos podem surgir a partir de estruturas muito simples.

Realmente processos biológicos são complicadíssimos e muitos deles ainda não entendemos. É verdade que tais processos jamais poderão ser disfarçados por retórica.

Mas por que você não aplica isso à teoria do DI, a qual se trata de retórica vazia e falácias tipo petição de princípio e argumento da ignorância?

Que evidências você possui para afirmar “Agora que a caixa preta da visão foi aberta, não é mais aceitável que uma explicação evolutiva dessa capacidade leve em conta apenas as estruturas anatômicas de olhos completos, como fez Darwin no século XIX (e como continuam a fazer hoje os popularizadores da evolução).”?

Então, sob a sua concepção, o que explica o olho? Engraçado, dentro da suposta “caixa preta de Darwin”, surge a “caixa preta de Behe”, mas esta ocupa um espaço bem pequenininho dentro da de Darwin, pois joga tudo para o sobrenatural.

Realmente, a caixa preta da visão foi aberta... Sabemos que em insetos genes “
Homeobox” (genes controladores do desenvolvimento) podem gerar olhos, asas, pernas, segmentos em qualquer parte de seus corpos.

O link que você mesmo deixou, mas não deve ter se dado ao trabalho de ler com atenção e refletir, a fim de ser isento e intelectualmente honesto consigo mesmo e com seus leitores explica muito bem a “caixa preta da visão”, pois olhos complexos como o de insetos, nautilus, peixes, etc. não aparecem do nada no registro fóssil.

Vejamos aqui um pouco sobre anatomia em especial o olho e seguem referências bibliográficas:

Alegação:

O olho é complexo demais para ter evoluído.

Resposta:

Um dos argumentos mais usados pelos criacionistas, é dito aos quatro ventos que o olho é complexo demais para ter evoluído, muitas vezes citando inclusive Darwin fora de contexto (ver CON-01).

Olhos existem de todos os tipos, desde simples células fotosensíveis até olhos complexos e incrivelmente precisos como os das águias e falcões. Darwin reconheceu esse problema, porém ele próprio forneceu uma forma de como eles podem ter evoluído:

1) Células fotosensíveis simples, que permitam apenas diferenciar o claro do escuro. Essa diferença, embora pareça pequena, pode ser uma enorme
vantagem em ambientes onde todos são cegos.
2) Células fotosensíveis pigmentadas se agregam, sem nervo.
3) Um nervo ótico cercado por células pigmentadas e coberto por pele translúcida.
4) As células formam uma pequena depressão. O animal já consegue focalizar precariamente possíveis predadores e/ou presas.
5) As células formam uma depressão mais profunda. Ele já consegue focalizar melhor.
6) A pele translúcida sobrepõe a depressão, tomando a forma de lente.
7) Músculos permitem que as lentes se ajustem.

Todos esses passos são viáveis, porque todos eles existem animais hoje em dia. Os incrementos entre esses passos podem ser divididos em incrementos ainda menores. A seleção natural deveria sempre favorecer is incrementos, por menores que eles sejam.
Como os olhos não fossilizam bem, nós não sabemos ao certo qual o caminho exato o desenvolvimento do olho seguiu, mas certamente não podemos dizer que esse caminho não existe.

Podemos ver as evidências do desenvolvimento dos olhos dos vertebrados por anatomia comparada e pela genética. Os genes do cristalino dos vertebrados, que codificam diversas proteínas cruciais para as lentes, são muito similares com o cristalino do Ciona. O Ciona é um urocordato, um parente distante dos vertebrados.

O cristalino do Ciona é expresso no seu otólito, uma célula pigmentada irmã das células fotossensíveis. A origem das lentes parece estar baseada na co-interação das células preexistentes em no sistema anterior sem lentes.

Esse é apenas um argumento baseado em incredulidade pessoal. Só porque uma pessoa não acredita que algo funcione, não significa que não funciona.

Referências:
Lindsay, Don, 1998. How long would the fish eye take to evolve?
http://www.don-lindsay-archive.org/creation/eye_time.html
Darwin, C., 1872. The Origin of Species, 1st Edition. Senate, London, chpt. 6,http://www.talkorigins.org/faqs/origin/chapter6.html
Nilsson, D.-E. and S. Pelger, 1994. A pessimistic estimate of the time required for an eye to evolve. Proceedings of the Royal Society of London, Biological Sciences, 256: 53-58.
Shimeld, Sebastian M. et al. 2005. Urochordate ??-crystallin and the evolutionary origin of the vertebrate eye lens. Current Biology 15: 1684-1689.
Dawkins, Richard, 1996. Climbing Mount Improbable, New York: W.W. Norton, chpt. 5.
Land, M. F. and D.-E. Nilsson, 2002. Animal Eyes. Oxford University Press.
Fernald, Russell D. 2006. Casting a genetic light on the evolution of eyes. Science 313: 1914-1918.
E o youtube está repleto de vídeos que explicam a evolução do olho.
Documentário
E até do prof. Richard Dawkins, numa
palestra extraodinária
Documentário “Evolução- Olhos 1, 2,3, 4, e 5

Tais olhos começam a tomar forma mais ou menos pelo período ediacarano e depois durante a explosão cambriana, começam a surgir os olhos complexos.

Tudo o que Behe disse em seu livro, há muito já havia sido refutado; advinha com base em que? Na própria teoria da evolução.

Mais uma vez sob a frase “A anatomia, nos termos mais simples, é irrelevante para se descobrir se a evolução poderia ou não ocorrer no nível molecular.", relega-se ao irrelevante o que coloca o DI em xeque.

Se a anatomia descreve que determinado órgão é assim e não assado, o mesmo vale para o nível molecular em mecanismos como coagulação, fotossíntese, visão, pensamento, ciclo de Krebs dentre outros.

Tudo isso vem determinado nos genótipos das espécies. Ou seja, dentro destes genótipos há evolução e muita, a fim de que ocorram os fenótipos.

Não há “saltos metamórficos” na Teoria da Evolução. Sob hipóteses estamos na penumbra, mas quando começamos a verificar e estudar os temas, a penumbra vai se tornando luz.

Basta se verificarem os organismos mais simples para começar a entendermos como as estruturas mais complexas formaram-se.

Resumindo: Exemplos como esses do link postado logo acima, não explicam absolutamente NADA! Não explicam COMO SURGIU aquele sistema e nem COMO ELE EVOLUIU GRADUALMENTE. É apenas retórica que a nível molecular não pode passar desapercebida.

Não explicar como algo surgiu, não implica que o DI automaticamente esteja validado e que a resposta seja: “Se a ciência não explica o mecanismo então foi o criador inteligente!!”. Bingo!!! É o argumento da ignorância que se encontra implícito na frase acima.

Talvez jamais saibamos como surgiu este ou aquele mecanismo bioquímico. O que nos resta é entender como eles funcionam e compará-los com o de outras espécies a fim de podermos traçar uma suposta origem deles.

Todavia isso não implica que devamos largar a questão e dizer “foi o criador inteligente e ponto”. Isso é um argumento preguiçoso, falho e débil, para o qual não é necessário um PhD. Basta ter 4 anos de idade, saber falar, ter sido mentalmente castrado e idiotizado pelos pais.

Por mais que se forneçam exemplos a vocês, jamais considerarão nada, pois a modinha lançada por Behe de ir ao nível bioquímico dos processos evolutivos é o típico argumento da ignorância, ou seja: "ATE NÃO EXPLICA, LOGO O DI EXPLICA, PORTANTO ELE ESTÁ AUTOMATICAMENTE CORRETO E VALIDADO!!!". Mas quanto à realização referente à testes de falseabilidade, esta é irrelevante!!!!

Todavia, para a infelicidade de vocês, a alegria durou pouco. O neodarwinismo está avançando nessa área e preenchendo as lacunas, por meio dos estudos em genética e bioquímica, oempurrando o "criador inteligente" da lacuna onde estava sentado.

A partir da análise de genomas estamos começando a entender que gene é responsável por qual função. O chamado “DNA – lixo” contém milhares de elementos reguladores que atuam como "chaves" para ligar ou desligar genes.

Veja o artigo abaixo como exemplo:

Mudanças evolucionárias do homem
Dos mais de 3 bilhões de pares de base, as letras genéticas que formam o genoma humano, um grupo de cientistas descobriu um punhado que pode ter contribuído com as mudanças evolucionárias que permitiram ao homem, entre outras particularidades, usar seus membros para manipular ferramentas e andar em posição ereta.

Resultados de uma análise comparativa dos genomas do homem, do chimpanzé, do macaco rhesus e de outros primatas indicam que a evolução humana pode ter sido promovida não apenas por uma seqüência de mudanças genéticas, mas por transformações em áreas do genoma que até então se achava que não serviam para nada.

Genes dos dedões
Segundo os pesquisadores, essas mudanças foram responsáveis pela ativação de genes no polegar e no dedão do pé primordiais. "Identificamos um contribuinte genético potencial para as diferenças morfológicas fundamentais entre humanos e os demais primatas", disse James Noonan, da Escola de Medicina da Universidade Yale, um dos autores do estudo publicado na edição desta sexta-feira (5/9) da revista Science.

Há tempos que os cientistas suspeitavam que mudanças na expressão genética contribuíam para a evolução humana, mas encontravam dificuldades para estudar tais alterações, pois a maioria das seqüências que controlam os genes não havia sido identificada.

DNA lixo não é de se jogar fora
Nos últimos anos, descobriu-se que regiões que não são responsáveis pela codificação no genoma, que a princípio foram chamadas de "DNA lixo", na realidade continham milhares de elementos reguladores que atuavam como "chaves" para ligar ou desligar genes.

Uma indicação da importância biológica do DNA lixo é que muitas dessas seqüências se mantiveram semelhantes (ou "conservadas") mesmo em espécies distantes de vertebrados, como entre o homem e o frango. Estudos funcionais recentes indicaram ainda mais: que algumas dessas seqüências controlam os genes responsáveis pelo desenvolvimento humano.

Regiões não codificantes do genoma
Os autores do estudo vasculharam as extensas regiões não codificantes do genoma humano para identificar as seqüências reguladoras cujas funções podem ter mudado durante a evolução do homem.

Noonan e colegas procuraram por seqüências com mais pares de base em humanos do que em outros primatas. Verificaram que a seqüência que se desenvolveu mais rapidamente dentre as identificadas, denominada HACNS1, mostrou-se altamente conservada entre espécies de vertebrados, mas tinha variações acumuladas em 16 pares de base desde a divergência do homem e do chimpanzé, estimada em 6 milhões de anos atrás.

Diferenças entre homens e chimpanzés
A descoberta foi considerada uma grande surpresa, uma vez que os genomas do homem e do chimpanzé são muito semelhantes. Segundo os autores do estudo, os resultados fornecem forte evidência, ainda que preliminar, de que mudanças funcionais no HACNS1 podem ter contribuído para adaptações no polegar, pulso, pé e tornozelo humanos, que representam vantagens críticas para o sucesso evolucionário da espécie.

Entretanto, os cientistas destacam que ainda desconhecem se o HACNS1 causa mudanças na expressão genética no desenvolvimento de membros no homem ou se essa seqüência seria capaz de induzir o desenvolvimento de membros similares ao ser introduzida no genoma de outros vertebrados, como no camundongo.


Vale a leitura de um artigo extraído do Jornal da Ciência, que, embora de 2002 elucida um pouco mais a questão do DNA-lixo. E outro denominado “Qual a sujeira do DNA-lixo”. E aqui, por que é importante estudar Teoria da Evolução.

Assim, parece que seu dilema de COMO SURGIU aquele sistema e nem COMO ELE EVOLUIU GRADUALMENTE está sendo desvendado e, portanto, explicações que você, Gabriel, atribuiu o juízo de ser mera retórica estão se tornando confirmações.

E quanto ao DI, quando deixará de ser retórica e confirmara suas alegações não com argumentos vazios, mas com uma ciência de verdade?

Estudar designs na natureza, não tenho nada contra, muito pelo contrário, pois podem trazer importantes conseqüências para nossa compreensão anatômica e mesmo para aplica-los em determinadas áreas da engenharia, medicina e biomecânica.

Mas atribuir a estes designs um caráter sobrenatural, tenho tudo contra, pois nos torna preguiçosos e ignorantes, além disso não ser ciência, mas um passo para a pregação religiosa.
Porém, por mais que se forneçam exemplos para os criacionistas (incluem-se aqui os disfarçados sob a pseudociência do DI) nada é suficiente, pois sempre há uma lacuna para enfiar o sobrenatural ou simplesmente consideram o exemplo insuficiente, sob a alegação que nada explicam.


SERÁ MESMO QUE O DI NÃO FOI REFUTADO? Parte 2

Vejamos (os escritos do Sr. Gabriel seguem em preto e os meus, bem como os artigos citados, em cores):

O DESIGN INTELIGENTE FOI REFUTADO?

Podemos encontrar na internet vários sites onde lemos que o Design Inteligente foi refutado. Neste poster, vou usar os argumentos mais comuns contra o Design Inteligente. Mas antes disso, quero ressaltar um ponto muito importante:

Para o Design Inteligente ser refutado, é preciso que os cientistas, através do falseasionismo, mostrem isso. Não se refuta algo em ciência com retórica, mas com demonstração. É preciso que os cientistas demonstrem que os sistemas conhecidos como "irredutivelmente complexos" se originaram e evoluíram de maneira gradual. Se isso não for mostrado, o Design Inteligente não pode ser refutado. E nós sabemos muito bem que demonstrar o passo-a-passo da evolução desses sistemas é IMPOSSÍVEL, pois a evolução desses sistemas ocorreu há milhões de anos atrás [Pelo menos é isso o que nos diz a Teoria da Evolução] e tudo o que pode ser feito nesse sentido, é pressupor que foi da maneira "x" que aconteceu a evolução do sistema "x".
Agora podemos analisar os principais argumentos contra o Design Inteligente: 1- Não existe Design Inteligente Porque Existe Imperfeição E Se o Designer Fosse Inteligente, Não Existiria Essas Imperfeições

Aqui existem erros básicos: O primeiro erro que podemos observar é que a Teoria do Design Inteligente não fala sobre o Designer, ela fala sobre o Design, pois é o Design que interessa à Teoria do Design Inteligente porque ele foi observado e estudado nos seres vivos.
Behe escreveu o seguinte no seu livro "A Caixa Preta de Darwin": "É possível concluir que alguma coisa foi planejada sem que saibamos absolutamente a identidade de quem a planejou[...] A dedução de que algo foi planejado pode ser mantida com toda firmeza possível neste mundo, mesmo que não se saiba nada sobre o planejador". (pág. 200)

Como você mesmo disse anteriormente, Gabriel, “não é com retórica que se faz ciências, mas com demonstrações”. A propósito o que assegura que a afirmação de Behe é correta? Como ele deduziu que há sistemas naturais que foram planejados? Esse é um grande problema que existe na “Caixa preta de Behe”.

O design na natureza existe, mas ele não é inteligente, uma vez que obras de alguém inteligente demandam propósito e a questão da vida ou do universo não tem propósito.

Outra questão sobre determinado projeto inteligente suscita a pergunta: “Quem ou o quê fez este projeto inteligente?”.

Se algum dia um alien chegar em marte e encontrar os dois roovers americanos entenderá que são projetos inteligentes, pois tudo indicará que foram feitos sob planejamento e que possuíram um propósito; que suscitará a pergunta:

Qual o propósito destes veículos? Também perguntarão “Quem os fez e onde estão?”

Mas caso encontrem vida perguntarão: “Como essa vida surgiu por aqui?” Se encontrarem seixos rolados perguntarão: “Cadê a água e o que a fez desaparecer?”.

Assim, argumento do DI suscita e muito em saber quem é o tal do criador inteligente. Uma vez que este é o pilar da teoria, sendo o design da natureza apenas uma premissa para se chegar a tal conclusão.

Mas parece que para vocês tudo que coloca o DI em xeque ou que questione o ponto fundamental da teoria, se torna um questionamento irrelevante. Bela saída!!!

Observar o design na natureza, muita gente já o fez, porém, sem fazer viagens ao sobrenatural. Cada ser vivo, dentro de uma mesma espécie é diferente do outro, uma vez que não se tratam de coisas produzidas em série sob medidas finamente calculadas.

São criaturas, em maioria, resultantes de um acasalamento (troca de genes) que lhes confere singularidades específicas. Em uma alusão a Richard Dawkins: “Nosso relojoeiro é cego”.

Quanto à imperfeição, Behe escreve: "Nas discussões sobre planejamento inteligente, nenhuma objeção é mais repetida do que o argumento baseado na imperfeição, que podemos resumir em curtas palavras: se existe um agente inteligente, que planejou a vida na Terra, então ele seria capaz de criar vida que não tivesse defeito; aliás, ele teria feito isso. Esse argumento parece ter grande apelo popular. Temos aqui, contudo, apenas o reverso do ponto de vista de Diógenes: se algo não se ajusta à nossa idéia de como devem ser as coisas, então isso é uma prova contra o planejamento". (pág. 223)

Gabriel, tudo o que é feito por uma ação inteligente requer um planejamento porque possui um propósito. Outra pergunta que resta é: “Qual o propósito da vida ou do universo?” Caso descubra, me avise... Nada na natureza é absolutamente perfeito, mas um projeto de qualquer coisa requer idealização, perfeição, etapas a serem seguidas, solução de eventuais problemas e, por fim, há o propósito do objeto a ser planejado.

Verificar que na natureza há um design não implica inferir que este seja inteligente. É um gigantesco salto epistemológico que não resolve nada, apenas cria mais problemas.

Na verdade, o planejador inteligente trabalha muito mal.

Por exemplo, nos seres humanos: o bipedismo e os problemas de coluna, nosso olho e a disposição muscular que facilita o descolamento da retina (o olho de uma lula é melhor “planejado’ que o nosso), a testosterona que mata os homens mais cedo, o estrógeno na meia idade feminina que mata as mulheres de câncer de mama e de útero, o tamanho da vagina e a cabeça do feto humano (problema que pode causar parada cerebral do bebê), os dentes do siso e problemas ortodônticos, um apêndice que vez ou outra tem de ser retirado, amídalas que infeccionam, pele extremamente frágil, etc..

Em suma, o projetista, pelo menos para nós foi um incompetente...

"Outra maneira de reagir à teoria do planejamento inteligente consiste em examinar sistemas biológicos complexos, à procura de erros que nenhum planejador inteligente teria cometido. Uma vez que precisa partir do início, o planejamento inteligente deve gerar organismos projetados de modo tão perfeito quanto possível para as funções que deve desempenhar. Ao contrário, já que a evolução se limita a modificar estruturas existentes, não deve necessariamente conseguir a perfeição". (pág. 224)

Não é a procura de erros que se examinam sistemas biológicos, mas sim a procura de compreender como eles “funcionam”, tentar encontrar estruturas mais simples e entender como tudo isso evoluiu e a partir de que.

Na natureza não há necessidade de se ter o ótimo, mas sim o funcional, ou seja, aquilo que é bom para o momento e que faça com que a espécie prospere e sobreviva.

Planejamento inteligente tem de buscar o ótimo, afinal, isso é um conceito de teoria geral da administração e engenharia, não da biologia, porém, nesta, muito mal aplicados pelos criacionistas disfarçados de “estudiosos do design”.

Assim, na prancheta buscam-se para os projetos: a perfeição do projeto, o tempo ótimo de cumprimento de etapas, elaboração de protótipos, redução de custos financeiros, bom desempenho do produto, durabilidade e funcionalidade.

Em biologia, forçando-se a barra numa argumentação pró - DI, em relação ao exemplo dado acima, no mínimo deveríamos ter: funcionalidade, relativa perfeição e desempenho.

Pois é... não temos nada disso, exceto um cérebro que evoluiu e nos permitiu mudar o mundo.

Mas, evolutivamente, os problemas apontados acabam, pois, por enquanto, esta nos é a melhor forma para suportarmos as adversidades do meio. O dia que deixar de ser estaremos extintos. A natureza não procura otimizações, mas funcionalidade para determinadas situações.

É irônico que cientistas recorram a esse tipo de argumento, pois um simples exemplo, refuta ele: O homem é um ser inteligente e no entanto é imperfeito. Ou seja, a imperfeição não anula a inteligência. Se podemos observar muitas coisas que nos parecem imperfeitas na natureza, isso não significa que na natureza não exista inteligência.

Ok. Inteligência de quem? Quando se faz uma afirmação como esta, suscita-se a pergunta: “De onde veio esta inteligência?”, ou seja, “Quem é o personagem inteligente?”, uma vez que ações inteligentes provêm de alguém ou de algo, seja esta inteligência natural ou artificial.

Além do mais, que evidências confirmam que na natureza há a presença de atividade inteligente?

Vale aqui fazermos uma digressão a fim de entender o que é inteligência, conceito este usado sem o menor sentido pelos defensores do DI.


Como definir a inteligência? (Psicologias - Ana Mercês Bahia Bock et al – Saraiva)

Um ser humano não pode ser concebido como um ser natural, uma vez que é um produto histórico. Nem poderia ser estudado de modo isolado, pois se torna humano em função de sua sociabilidade. Tão pouco pode ser concebido como ser abstrato, pois é o conjunto de suas relações sociais.

Assim, nossos genes, conforme demonstra a biologia, se manifestam sob determinadas condições ambientais, de acordo com o processo de seleção natural. Mas o que a natureza nos fornece não é suficiente para garantir nossa vida em sociedade.

Nosso saber é adquirido ao longo da vida, por meio da apropriação de cultura. A nossa biologia singular nos permite a formação de capacidades e funções psíquicas, além da própria apropriação de cultura.

Tais aptidões se formam a partir do contato com o mundo dos objetos e dos fenômenos da realidade objetiva, que resulta da experiência sócio – histórica humana. Assim aprendemos a manusear instrumentos e a termos linguagem.

Para os animais, instrumentos humanos não passam de elementos do meio natural. Mas o homem aprende com outros indivíduos a utilizá-los. Em princípio, há estudos em que os grandes primatas parecem ter um resíduo de cultura (aqui).

Todavia, há muitos animais que executam trabalhos semelhantes aos humanos, mas diferentemente destes, não planejam seu trabalho. Suas capacidades são pré-determinadas em seu código genético. Mas o trabalho humano é planejado, assim, se subordina à vontade e ao pensamento conceitual.

Embora no mundo animal haja muito uso de ferramentas, os animais não têm consciência disso, uma vez que possuem a imagem do instrumento, mas não o conceito de instrumento. O animal aprende a utilizá-lo, entretanto, não sabe para que serve.

Desse modo, o animal não sabe conceitualizar o objeto, o qual somente será considerado como objeto de trabalho, caso o tenha assim representado na mente. Ou seja, caso tal instrumento seja conceitualizado será transformado em um primeiro dado de consciência, que dará ao instrumento um objetivo determinado.

Há indícios de que ferramenta confirma que o homem iniciou a sua evolução há pelo menos dois milhões e meio de anos.

No ano de 1959 foram encontradas na África ferramentas de um milhão e setecentos milhões de anos atrás como martelos e instrumentos de corte.

Quanto à linguagem, de acordo com o psicólogo Alex Leontiev, é ela quem permite ao homem ter consciência das coisas. É por meio da ilinguagem que nos apropriamos de significados e operações fonéticas, as quais necessitam de vocalização, cuja capacidade depende de um sistema nervoso que disponha de um suporte mínimo para desenvolvê-la.

Quanto à consciência, é por meio dela que o homem compreende sua realidade ambiental, pois somos capazes de relacionar e conceituar o que está a nossa volta. Ao refletir o mundo objetivo, a consciência constrói em nível subjetivo a realidade objetiva.

A formação da consciência se deve ao trabalho e as relações sociais desenvolvidas entre os homens no decorrer da produção de meios necessários para a vida. É a consciência que permite o ser humano avaliar seu mundo e a si mesmo (subjetividade ou mundo interno).

Portanto, as propriedades que tornam o ser humano particular são: a sua biologia singular, o trabalho, os instrumentos, a linguagem, as relações sociais e uma subjetividade caracterizada pela consciência e identidade, pelos sentimentos e emoções e pelo inconsciente, o que torna o ser humano multideterminado por todos estes fatores.
Também, somos seres pensantes e é por meio da inteligência que realizamos nossas ações.

Há duas abordagens sobre a cognição humana:

Psicologia diferencial: decompôs a inteligência em múltiplos aspectos e manifestações, a fim de medi-la por meio de comportamentos humanos, como verbalizar idéias, organização espacial, solução de problemas, adaptação a novas situações, etc.

Abordagem dinâmica: aqui a inteligência é um adjetivo que qualifica a produção cognitiva do homem. Assim procura-se a eficiência intelectual do indivíduo, enxergando-o em sua globalidade, em que se passa a considerar sua personalidade, cognição, efeitos afetivos, corporais e contexto social. Dessa forma, o bem estar psíquico do indivíduo faz com que ele consiga lidar com o mundo e realizar atos adjetivados como inteligentes, solucionando problemas, por meio de sua criatividadee verbalização de suas idéias.


Na melhor definição, conforme dada por Steven Pinker (Como a Mente Funciona – Companhia das Letras), "Inteligência é a capacidade de atingir objetivos diante de obstáculos por meio de decisões baseadas em regras racionais, ou seja, aquelas que obedecem à verdade (correspondência com a realidade ou correção de inferências)".

Ou seja, especifica-se um objetivo, avalia-se a situação vigente a fim de saber como ela difere do objetivo e coloca-se em prática uma série de operações para que se reduza a diferença.

Assim, o ser inteligente figura em sua mente seu desejo antes de realizá-lo. Logo, ao final do processo de trabalho, aparece um resultado que anteriormente já existia, de modo ideal, na imaginação deste ser. Portanto, ao transformar o material que usa, imprime a este o projeto que, conscientemente, estava na sua mira.

Ora, rochas, seres vivos, planetas, sistemas bioquímicos, e tudo o mais que vemos na natureza, não se tratam de concepções que possuem determinado propósito ou que foram planejadas de determinada maneira, conscientemente por algo ou alguém, conforme pôde-se notar pela breve digressão feita acerca da inteligência.

Qualquer alusão que se faça a comparar sistemas, seres e outros corpos naturais a algo projetado, não importando caso se faça alusões a algum ser, valendo-se de jargão científico, é um retorno ao argumento teológico de Paley (o relógio na charneca), porém, da pior forma; travestido de científico, o que se trata de um engodo aos menos versados nas disciplinas de mesmo cunho.

Outro erro muito cometido também é achar que a inteligência a qual se refere o Design Inteligente, é para qualquer coisa. Aí nos vem na mente exemplos de coisas que consideramos imperfeitas, como um pássaro defecar na cabeça de um ser humano e logo nos perguntamos: "Seria o Designer [Que é um outro erro bastante cometido, pois designer não é design], inteligente mesmo?" Porém, no livro de Behe, aprendemos que o Design Inteligente não atribui inteligência a qualquer ocasião: "Se qualquer coisa pode ter sido planejada, e se precisamos apresentar evidências para prová-lo, não é de surpreender que possamos ter mais sucesso em demonstrar o planejamento em um dado sistema bioquímico e menos em outro. Alguns aspectos da célula parecem ser resultado de simples processos naturais; outros provavelmente são. Ainda outros foram quase com certeza planejados. E, no tocante a certas características, podemos ter tanta segurança que foram planejadas quanto qualquer outra coisa o foi". (pág. 210)

Bem, a partir de toda essa retórica vazia o próprio Behe refuta sua argumentação de design inteligente. Em uma ocasião é, em outra não é, na outra é mais ou menos, pode ser que é, mas pode ser que não é...

Que raio de teoria é esta que tem mais exceções que regras e não se define se o design (seu objeto de estudo, como assim dizem) é ou não inteligente (o cerne da questão) e foge do assunto quando se menciona o designer (o pilar da teoria)?

Novamente pergunto: qual a evidência de que algo certamente foi planejado? Alegar, “eu tenho certeza”, não basta. Tem de se trazer evidências.

A quem alega o positivo, cabe o ônus da prova. Todavia, Behe jamais demonstrou qualquer de suas afirmações por meio da metodologia científica, mas outros autores o fizeram no que concerne a seus três exemplos: a coagulação, o olho e o flagelo bacteriano.

Mas, para os adeptos do DI, a questão é relegada a inversão do ônus da prova, ou seja, “Eu vi um elefante voador! Se você não acredita, prove que eu não vi...”, ou à irrelevância, pois tal questionamento não é conveniente.

Em suma, Gabriel; A coisa é bem simples: esqueça Behe. Há muito, seus meros argumentos foram refutados, não por outros argumentos, mas por confirmações científicas de que a complexidade irredutível não é irredutível.

Isso é fácil se o leitor entender que o Design Inteligente não anula a seleção natural, que não é aleatória, nem a mutação, que é aleatória, nem a necessidade e nem o acaso. Ela apenas encontra sistemas que não podem ser explicados por esses mecanismos. Então o Design Inteligente se aplica a esses sistemas ditos "irredutivelmente complexos".

A seleção natural não é aleatória, mas a base de seu mecanismo, a questão genética nas populações, esta é uma loteria. Afinal ainda não sabemos como “fazer” determinado gene, para fazer aparecer determinada característica. Mas sabemos, e bem, como selecioná-los e obtermos o que desejamos de determinada espécie (ex: raças de bois, cães, gatos, galinhas).

Quanto à natureza, esta seleciona a característica melhor á determinado meio dentro da espécie. Uma vez que determinado fenótipo seja favorável a determinado meio, seus portadores apresentarão maiores vantagens contra aqueles que não o possuem. Ou seja, conseguirão mais comida, se reproduzirão mais e, portanto, terão mais chances de viver.

O fato de ainda não se ter conhecimento em explicar determinado mecanismo, não implica que tenhamos de simplesmente “chutar” a questão para um ser inteligente. Isso é um criacionismo tipo “deus das lacunas”, pois a cada brecha que a ciência fecha abrem-se outras duas para enfiar o magnânimo ser inteligente.

Além do mais o argumento do DI é falacioso, pois se trata de uma petição de princípio, pois a conclusão já se encontra nas premissas.

Ex. de argumento DI: “Descobri o design da asa do morcego e suas precisões matemáticas. Isso é algo que somente uma inteligência superior poderia fazer; logo o design da asa do morcego é inteligente.” Exatamente como você apresenta no parágrafo acima.

Ou seja, é Paley disfarçado sob jargão científico, sem considerar que seu último parágrafo descaradamente encerra com um argumento da ignorância. Ou seja, se a Teoria da Evolução - TE não explica, então aplica-se o DI, automaticamente validando-o (o DI está certo porque a TE não explica).

Outro argumento em favor da imperfeição é que aparentemente os organismos exibem algo "x" que não possui uma função: "[...]parece ser algo que foi de fato usado em algum tempo, mas que, em seguida, perdeu sua função. Órgãos vestigiais desempenham um papel importante nesse argumento".(pág. 227) Mas Behe alega que se nós ainda não descobrimos a função de "x", não significa que "x" não tenha função. Foi o que se pensou de várias estruturas como as amígdalas, a pélvis e o apêndice, que hoje sabemos possuírem funções importantes no organismo. E mesmo se alguma estrutura não possui função, isso não comprova que essa estrutura tenha sido "gerada" e evoluído de maneira gradual.

Bem como explicar ossos de pernas residuais em serpentes e resíduo de fêmur e pélvis em cetáceos? Todavia o argumento acima em nada fornece suporte á teoria do DI.

Para um órgão ser considerado como vestigial, não significa que tenha de ser desprovido de qualquer função, como afirmam os criacionistas em geral. Ser vestigial significa que apenas apresenta vestígios de uma função antiga ou que passou a ter uma função de menor importância que seu homólogo em outra espécie.

Os órgãos de uma determinada espécie são homólogos aos de outras, cada qual com suas adaptações e morfologias determinadas. Assim, um órgão pode ter uma função ou ser mais desenvolvido em determinado organismo e diferentemente em outro.

O órgão considerado como vestigial pode ser compreendido como aquele que perdeu sua função para a sobrevivência da espécie. Não se trata de lamarquismo, mas de seleção natural mesmo, contrária a sua propagação na espécie.

Quanto à questão referente aos órgãos vestigiais, segue
aqui e aqui um breve estudo, onde são apresentados mais exemplos com as devidas explicações.

A respeito desta classe de órgãos, é fato que houve erros de classificação de função. A Ciência aprende com seus erros. Mesmo assim ainda há muitos órgãos com funções claramente dispensáveis.

O próprio apêndice é o melhor exemplo. Ele pode ser removido sem provocar falta significativa ao organismo, e continua sendo toda vez que alguém sofre de apendicite. E questionável se ele faz parte do sistema imunológico.

Por outro lado, verificou-se em vários animais o mesmo órgão, cumprindo funções digestivas constantes, o que não ocorre no ser humano. Os criacionistas tentam alegar que o apêndice se inflama para evitar que algum outro órgão o faça. Seria muito curioso esse bizarro sistema de defesa, uma vez que quase sempre levaria o indivíduo à morte.

Por outro lado, pessoas que tiveram o apêndice removido apresentam maior taxa de infecção em órgãos próximos de no máximo 5%. Em virtude de seu baixo índice de produção imunológica, o do risco de contrair apendicite, o apêndice se torna mais desvantajoso do que vantajoso.

Há músculos rudimentares nas orelhas humanas e dos grandes primatas, que apresentam estrutura semelhante àquelas que propiciam movimentos do órgão em determinados animais.

O cóccix é um pequeno osso da parte inferior da
coluna vertebral. É constituído por quatro ou cinco vértebras coccígeas, soldadas entre si, sendo as inferiores progressivamente menores. A vértebra superior apresenta uma faceta elíptica que se articula com o sacro. Atrás desta localizam-se duas saliências verticais denominadas pequenos cornos do cóccix. De cada lado encontram-se dois prolongamentos transversais denominados grandes cornos do cóccixx.

O cóccix articula-se com o sacro através dos seguintes ligamentos:
O ligamento interósseo é uma fibrocartilagem localizada entre as respectivas superfícies articulares.
O ligamento sacro-coccígeo anterior une as faces anteriores do sacro e do cóccix.
O ligamento sacro-coccígeo posterior une a extremidade inferior da crista sagrada às faces posteriores das 2ª ou 3ª vértebras coccígeas
Os ligamentos sacro-coccígeos laterais são constituídos por dois feixes, um medial unindo o sacro aos pequenos cornos do cóccix, e outro lateral unindo o sacro aos grandes cornos do cóccix.

O cóccix apresenta um sério problema a
coccigodinea, dor na região do cóccix, é tipicamente desencadeada ou ocorre ao sentar-se e às vezes, agravada ao levantar-se.

A coccigodínea é cinco vezes mais freqüente nas mulheres que nos homens a faixa etária geralmente é aos 40 anos. Pode ter muitas causas, pode ser pós-traumática, começando com uma fratura ou contusão, ou após um parto vaginal complicado. Na maioria dos casos a ponta do cóccix esta sub-luxada ou hipermóvel, sendo a causa da dor é desconhecida nos pacientes com mobilidade coccígea normal.

A atual função do coccix se trata dele ser o local de ligação de nove músculos, os quais poderiam estar ligados a outro osso caso ele não existisse. Em animais com cauda, a função do coccix é suportar os ossos da cauda, pois é onde se ligam os nervos e músculos que a sustentarão.
Assim, Gabriel, um pouco mais de honestidade intelectual e leitura seriam bem úteis para propiciar um bom esclarecimento em torno da temática que abordou sobre órgãos vestigiais. O rol de impropriedades geralmente é oriundo de sites criacionistas, onde o que não interessa, varre-se para debaixo do tapete.

SERÁ MESMO QUE O DI NÃO FOI REFUTADO? Parte 1

Introdução:

Muitos seguidores da doutrina “Design Inteligente – DI” alegam ser este criacionismo subreptício uma teoria científica alternativa às teorias que explicam o mundo sob um enfoque puramente natural.

Teorias científicas devem se pautar pelo
Naturalismo Metodológico. Conforme o artigo ora citado em sua integra:

NATURALISMO É NECESSÁRIO?

Wilkins, J. (2006) Evolução e Filosofia - uma introdução. Naturalismo: é necessário? Projeto Evoluindo - Biociência.org. Trad.: Fernando Lorenzon [http://www.evoluindo.biociencia.org].

Na filosofia, ‘naturalismo’ é a idéia de que uma explicação é justificada como se apoiada na evidência de um tipo empírico. Tem sido muito aplicada na filosofia da mente e filosofia moral, e recentemente, como uma ferramenta para a ‘hegemonia conceitual’ da ciência em oposição às idéias de alguns sociologistas e historiadores da ciência, que colocariam as visões de mundo (comportamentos aceitos pela sociedade) em perspectiva. Na discussão do criacionismo x evolução, tende a significar algo mais – a idéia de que explicações não devem levar em consideração o sobrenatural ou espiritual. Estes dois sentidos sobrepõem a um grau (porque evidência do sobrenatural não é empírica, mas revelatória).

Repare, entretanto, que o segundo sentido é uma idéia sobre o que existe, enquanto o padrão é uma idéia sobre o que pode ser conhecido na ciência. Se há um reino espiritual que não é aberto à observação, então a ciência não pode usá-lo para explicação. Para a ciência, explica-se sobre coisas que são observadas.

Se a ciência não pode ser usada para explicar coisas que não se pode ver e testar, isto não exclui outras disciplinas usando explicações não-naturais (como a teologia). Apenas significa que a ciência não pode usá-la, assim como ela destrói o verdadeiro conceito da ciência. Há duas maneiras nas quais a ciência não pode ser não-naturalística. Ela não pode fazer a suposição de que os fenômenos são mesmos não-naturais – ela tem de assumir que tudo observado é acessível por uma investigação naturalística. Chame a isto de naturalismo metodológico.

A ciência deve também evitar explicações não-naturais. Isto é naturalismo explanatório. Qualquer explicação que usa ‘explanadores’ (algo a explicação) não-naturais, falha em ser testado. Eu poderia propor que um processo qualquer é o resultado dos poderes de um Unicórnio Rosa Invisível. Você não pode nem falsificar nem verificar isto (nos sentidos habituais). A marca de qualidade da ciência, talvez a única marca, é que explicações são testáveis. A razão para isto está no que a filosofia chama de epistemologia (da palavra grega para crença, epistemé, mas usado no sentido de conhecimento – conseqüentemente, ‘estudo do conhecer’).

Epistemologias de Platão a Kant foram infalibilísticas – uma crença não era conhecimento se houvesse qualquer chance de estar enganada. A ciência, por outro lado, está freqüentemente errada, e é constantemente revisada.

Contudo, o que a ciência entrega é de longe a mais bem-sucedida forma de conhecimento reunido jamais desenvolvido por humanos. A epistemologia requerida pela ciência é por esta razão uma visão falibilística do conhecer.

A base para isto encontra-se no ato de testar. A explicação científica deve ser aberta para qualquer investigador competente a testar e avaliar. Experiências revelatórias não são universalmente abertas a todos, e intuições sobre o universo são muito diferentes para diferentes pessoas e culturas, então explicações não-naturalísticas são excluídas do domínio da ciência.

Uma maneira útil de abordar isto é perguntar com que se pareceria uma explicação não-naturalística. Explicações são equações, de alguma forma. Você explica X por dizer o que é um Y (e um Z, etc). Se uma explicação não-natural deve funcionar, ela tem de colocar algo que não é nem vazio nem circular no outro lado da equação. O que conta como um explanador não-natural? ‘Alguma coisa é não-natural se ela não for natural’ é completamente vazio até nós soubermos como distinguir entre as duas.

O caminho habitual para definir o não-natural é que isso não é explicável na forma de leis naturais; ou seja, quebra a corrente causal. Se nós abandonarmos a suposição metodológica do naturalismo – que tudo é aberto à investigação empírica – podemos dizer que qualquer coisa não explicável atualmente por leis científicas é não-natural, mas não é isso o que significa. Podemos distinguir entre nossa ignorância atual e alguma coisa que é a princípio não cientificamente explicável, certamente.

Queremos alguma coisa que é completamente fora do curso e eventos físicos [alguns proponentes do termo ‘sobrenatural’ o usam para se referirem a ‘incausado’ – o que isso significa na verdade é realmente incerto].

Mas se nós o tivermos, poderíamos incorporá-lo dentro de uma explicação científica? Poderíamos obviamente não usar observações empíricas – elas dependem do curso ordinário dos processos físicos. Então, o que mais está lá? A resposta é: nada. Explicações não-naturais não são científicas.

A forma final do naturalismo é o naturalismo ontológico. Esta é a opinião de que tudo que existe (grego clássico: on-, forma raiz de ‘ser’, da qual ‘ontologia’ é derivada, conseqüentemente, ‘o estudo do que existe’) é natural. Muitos cientistas são também fisicalistas. Eles afirmam que se nós não precisamos postular a realidade de processos não-físicos para a ciência, então podemos concluir que não há tais coisas. Este argumento é muito rápido. A alegação que ‘se A então B’ explica que B deve ser verdadeiro, mas deve haver também um C que explica B. Além disso, muitas coisas no mundo físico são causadas por muitas coisas juntas que apenas umas poucas. Então, podemos dizer que um evento físico é causado ambos, por Deus e por causas físicas, sem ser logicamente inconsistente.

Sua resolução depende do que você está usando como suposições básicas. Na ciência, a Navalha de Ockham (‘não multiplique entidades na explicação, desnecessariamente’) – também conhecida como parcimônia – é usada para alcançar a explicação mais firmada. Estender esta ciência externa é uma proposta arriscada, a menos que você queira fazer com que a suposição metodológica também funcione na metafísica tão bem quanto na física. Muitos estão (incluindo eu), mas não é uma conclusão necessária vinda de qualquer forma de ciência.

Na doutrina filosófica conhecida como naturalismo moral, sistemas morais são explicados nas condições das propriedades sociais ou biológicas de humanos. Isto é freqüentemente uma abordagem darwiniana. O que eu quero apontar é que não apenas explicar, mas propor um sistema moral nesta maneira envolve o que G.E. Moore famosamente chamou de “Falácia Naturalística”. Você pode dar uma explicação naturalística de morais sem justificar ou invalidar esses princípios morais.

Explicação e justificação são duas atividades diferentes. Então, com ontologia também. Você pode aceitar a suposição metodológica do naturalismo na ciência, sem invalidar ontologias não-naturalísticas. Elas apenas não são científicas. Na minha concepção, ontologias fora da ciência são assuntos de escolha pessoal. E como Cícero uma vez disse, gosto não se discute. Na ciência, há (legítima) discussão. Então, ciência é mais que uma questão de gosto.

Artigo fantasticamente claro, isento e esclarecedor da metodologia a ser seguida pela verdadeira ciência, porém abominada pelos pseudocientistas do criacionismo e do DI.

Todavia há um artigo extraído
daqui, cuja pretensão é demonstrar que o DI jamais foi refutado (doce ilusão) e que responde a todas as questões onde a TE pelo menos por enquanto apresenta lacunas.