sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SERÁ MESMO QUE O DI NÃO FOI REFUTADO? Parte 2

Vejamos (os escritos do Sr. Gabriel seguem em preto e os meus, bem como os artigos citados, em cores):

O DESIGN INTELIGENTE FOI REFUTADO?

Podemos encontrar na internet vários sites onde lemos que o Design Inteligente foi refutado. Neste poster, vou usar os argumentos mais comuns contra o Design Inteligente. Mas antes disso, quero ressaltar um ponto muito importante:

Para o Design Inteligente ser refutado, é preciso que os cientistas, através do falseasionismo, mostrem isso. Não se refuta algo em ciência com retórica, mas com demonstração. É preciso que os cientistas demonstrem que os sistemas conhecidos como "irredutivelmente complexos" se originaram e evoluíram de maneira gradual. Se isso não for mostrado, o Design Inteligente não pode ser refutado. E nós sabemos muito bem que demonstrar o passo-a-passo da evolução desses sistemas é IMPOSSÍVEL, pois a evolução desses sistemas ocorreu há milhões de anos atrás [Pelo menos é isso o que nos diz a Teoria da Evolução] e tudo o que pode ser feito nesse sentido, é pressupor que foi da maneira "x" que aconteceu a evolução do sistema "x".
Agora podemos analisar os principais argumentos contra o Design Inteligente: 1- Não existe Design Inteligente Porque Existe Imperfeição E Se o Designer Fosse Inteligente, Não Existiria Essas Imperfeições

Aqui existem erros básicos: O primeiro erro que podemos observar é que a Teoria do Design Inteligente não fala sobre o Designer, ela fala sobre o Design, pois é o Design que interessa à Teoria do Design Inteligente porque ele foi observado e estudado nos seres vivos.
Behe escreveu o seguinte no seu livro "A Caixa Preta de Darwin": "É possível concluir que alguma coisa foi planejada sem que saibamos absolutamente a identidade de quem a planejou[...] A dedução de que algo foi planejado pode ser mantida com toda firmeza possível neste mundo, mesmo que não se saiba nada sobre o planejador". (pág. 200)

Como você mesmo disse anteriormente, Gabriel, “não é com retórica que se faz ciências, mas com demonstrações”. A propósito o que assegura que a afirmação de Behe é correta? Como ele deduziu que há sistemas naturais que foram planejados? Esse é um grande problema que existe na “Caixa preta de Behe”.

O design na natureza existe, mas ele não é inteligente, uma vez que obras de alguém inteligente demandam propósito e a questão da vida ou do universo não tem propósito.

Outra questão sobre determinado projeto inteligente suscita a pergunta: “Quem ou o quê fez este projeto inteligente?”.

Se algum dia um alien chegar em marte e encontrar os dois roovers americanos entenderá que são projetos inteligentes, pois tudo indicará que foram feitos sob planejamento e que possuíram um propósito; que suscitará a pergunta:

Qual o propósito destes veículos? Também perguntarão “Quem os fez e onde estão?”

Mas caso encontrem vida perguntarão: “Como essa vida surgiu por aqui?” Se encontrarem seixos rolados perguntarão: “Cadê a água e o que a fez desaparecer?”.

Assim, argumento do DI suscita e muito em saber quem é o tal do criador inteligente. Uma vez que este é o pilar da teoria, sendo o design da natureza apenas uma premissa para se chegar a tal conclusão.

Mas parece que para vocês tudo que coloca o DI em xeque ou que questione o ponto fundamental da teoria, se torna um questionamento irrelevante. Bela saída!!!

Observar o design na natureza, muita gente já o fez, porém, sem fazer viagens ao sobrenatural. Cada ser vivo, dentro de uma mesma espécie é diferente do outro, uma vez que não se tratam de coisas produzidas em série sob medidas finamente calculadas.

São criaturas, em maioria, resultantes de um acasalamento (troca de genes) que lhes confere singularidades específicas. Em uma alusão a Richard Dawkins: “Nosso relojoeiro é cego”.

Quanto à imperfeição, Behe escreve: "Nas discussões sobre planejamento inteligente, nenhuma objeção é mais repetida do que o argumento baseado na imperfeição, que podemos resumir em curtas palavras: se existe um agente inteligente, que planejou a vida na Terra, então ele seria capaz de criar vida que não tivesse defeito; aliás, ele teria feito isso. Esse argumento parece ter grande apelo popular. Temos aqui, contudo, apenas o reverso do ponto de vista de Diógenes: se algo não se ajusta à nossa idéia de como devem ser as coisas, então isso é uma prova contra o planejamento". (pág. 223)

Gabriel, tudo o que é feito por uma ação inteligente requer um planejamento porque possui um propósito. Outra pergunta que resta é: “Qual o propósito da vida ou do universo?” Caso descubra, me avise... Nada na natureza é absolutamente perfeito, mas um projeto de qualquer coisa requer idealização, perfeição, etapas a serem seguidas, solução de eventuais problemas e, por fim, há o propósito do objeto a ser planejado.

Verificar que na natureza há um design não implica inferir que este seja inteligente. É um gigantesco salto epistemológico que não resolve nada, apenas cria mais problemas.

Na verdade, o planejador inteligente trabalha muito mal.

Por exemplo, nos seres humanos: o bipedismo e os problemas de coluna, nosso olho e a disposição muscular que facilita o descolamento da retina (o olho de uma lula é melhor “planejado’ que o nosso), a testosterona que mata os homens mais cedo, o estrógeno na meia idade feminina que mata as mulheres de câncer de mama e de útero, o tamanho da vagina e a cabeça do feto humano (problema que pode causar parada cerebral do bebê), os dentes do siso e problemas ortodônticos, um apêndice que vez ou outra tem de ser retirado, amídalas que infeccionam, pele extremamente frágil, etc..

Em suma, o projetista, pelo menos para nós foi um incompetente...

"Outra maneira de reagir à teoria do planejamento inteligente consiste em examinar sistemas biológicos complexos, à procura de erros que nenhum planejador inteligente teria cometido. Uma vez que precisa partir do início, o planejamento inteligente deve gerar organismos projetados de modo tão perfeito quanto possível para as funções que deve desempenhar. Ao contrário, já que a evolução se limita a modificar estruturas existentes, não deve necessariamente conseguir a perfeição". (pág. 224)

Não é a procura de erros que se examinam sistemas biológicos, mas sim a procura de compreender como eles “funcionam”, tentar encontrar estruturas mais simples e entender como tudo isso evoluiu e a partir de que.

Na natureza não há necessidade de se ter o ótimo, mas sim o funcional, ou seja, aquilo que é bom para o momento e que faça com que a espécie prospere e sobreviva.

Planejamento inteligente tem de buscar o ótimo, afinal, isso é um conceito de teoria geral da administração e engenharia, não da biologia, porém, nesta, muito mal aplicados pelos criacionistas disfarçados de “estudiosos do design”.

Assim, na prancheta buscam-se para os projetos: a perfeição do projeto, o tempo ótimo de cumprimento de etapas, elaboração de protótipos, redução de custos financeiros, bom desempenho do produto, durabilidade e funcionalidade.

Em biologia, forçando-se a barra numa argumentação pró - DI, em relação ao exemplo dado acima, no mínimo deveríamos ter: funcionalidade, relativa perfeição e desempenho.

Pois é... não temos nada disso, exceto um cérebro que evoluiu e nos permitiu mudar o mundo.

Mas, evolutivamente, os problemas apontados acabam, pois, por enquanto, esta nos é a melhor forma para suportarmos as adversidades do meio. O dia que deixar de ser estaremos extintos. A natureza não procura otimizações, mas funcionalidade para determinadas situações.

É irônico que cientistas recorram a esse tipo de argumento, pois um simples exemplo, refuta ele: O homem é um ser inteligente e no entanto é imperfeito. Ou seja, a imperfeição não anula a inteligência. Se podemos observar muitas coisas que nos parecem imperfeitas na natureza, isso não significa que na natureza não exista inteligência.

Ok. Inteligência de quem? Quando se faz uma afirmação como esta, suscita-se a pergunta: “De onde veio esta inteligência?”, ou seja, “Quem é o personagem inteligente?”, uma vez que ações inteligentes provêm de alguém ou de algo, seja esta inteligência natural ou artificial.

Além do mais, que evidências confirmam que na natureza há a presença de atividade inteligente?

Vale aqui fazermos uma digressão a fim de entender o que é inteligência, conceito este usado sem o menor sentido pelos defensores do DI.


Como definir a inteligência? (Psicologias - Ana Mercês Bahia Bock et al – Saraiva)

Um ser humano não pode ser concebido como um ser natural, uma vez que é um produto histórico. Nem poderia ser estudado de modo isolado, pois se torna humano em função de sua sociabilidade. Tão pouco pode ser concebido como ser abstrato, pois é o conjunto de suas relações sociais.

Assim, nossos genes, conforme demonstra a biologia, se manifestam sob determinadas condições ambientais, de acordo com o processo de seleção natural. Mas o que a natureza nos fornece não é suficiente para garantir nossa vida em sociedade.

Nosso saber é adquirido ao longo da vida, por meio da apropriação de cultura. A nossa biologia singular nos permite a formação de capacidades e funções psíquicas, além da própria apropriação de cultura.

Tais aptidões se formam a partir do contato com o mundo dos objetos e dos fenômenos da realidade objetiva, que resulta da experiência sócio – histórica humana. Assim aprendemos a manusear instrumentos e a termos linguagem.

Para os animais, instrumentos humanos não passam de elementos do meio natural. Mas o homem aprende com outros indivíduos a utilizá-los. Em princípio, há estudos em que os grandes primatas parecem ter um resíduo de cultura (aqui).

Todavia, há muitos animais que executam trabalhos semelhantes aos humanos, mas diferentemente destes, não planejam seu trabalho. Suas capacidades são pré-determinadas em seu código genético. Mas o trabalho humano é planejado, assim, se subordina à vontade e ao pensamento conceitual.

Embora no mundo animal haja muito uso de ferramentas, os animais não têm consciência disso, uma vez que possuem a imagem do instrumento, mas não o conceito de instrumento. O animal aprende a utilizá-lo, entretanto, não sabe para que serve.

Desse modo, o animal não sabe conceitualizar o objeto, o qual somente será considerado como objeto de trabalho, caso o tenha assim representado na mente. Ou seja, caso tal instrumento seja conceitualizado será transformado em um primeiro dado de consciência, que dará ao instrumento um objetivo determinado.

Há indícios de que ferramenta confirma que o homem iniciou a sua evolução há pelo menos dois milhões e meio de anos.

No ano de 1959 foram encontradas na África ferramentas de um milhão e setecentos milhões de anos atrás como martelos e instrumentos de corte.

Quanto à linguagem, de acordo com o psicólogo Alex Leontiev, é ela quem permite ao homem ter consciência das coisas. É por meio da ilinguagem que nos apropriamos de significados e operações fonéticas, as quais necessitam de vocalização, cuja capacidade depende de um sistema nervoso que disponha de um suporte mínimo para desenvolvê-la.

Quanto à consciência, é por meio dela que o homem compreende sua realidade ambiental, pois somos capazes de relacionar e conceituar o que está a nossa volta. Ao refletir o mundo objetivo, a consciência constrói em nível subjetivo a realidade objetiva.

A formação da consciência se deve ao trabalho e as relações sociais desenvolvidas entre os homens no decorrer da produção de meios necessários para a vida. É a consciência que permite o ser humano avaliar seu mundo e a si mesmo (subjetividade ou mundo interno).

Portanto, as propriedades que tornam o ser humano particular são: a sua biologia singular, o trabalho, os instrumentos, a linguagem, as relações sociais e uma subjetividade caracterizada pela consciência e identidade, pelos sentimentos e emoções e pelo inconsciente, o que torna o ser humano multideterminado por todos estes fatores.
Também, somos seres pensantes e é por meio da inteligência que realizamos nossas ações.

Há duas abordagens sobre a cognição humana:

Psicologia diferencial: decompôs a inteligência em múltiplos aspectos e manifestações, a fim de medi-la por meio de comportamentos humanos, como verbalizar idéias, organização espacial, solução de problemas, adaptação a novas situações, etc.

Abordagem dinâmica: aqui a inteligência é um adjetivo que qualifica a produção cognitiva do homem. Assim procura-se a eficiência intelectual do indivíduo, enxergando-o em sua globalidade, em que se passa a considerar sua personalidade, cognição, efeitos afetivos, corporais e contexto social. Dessa forma, o bem estar psíquico do indivíduo faz com que ele consiga lidar com o mundo e realizar atos adjetivados como inteligentes, solucionando problemas, por meio de sua criatividadee verbalização de suas idéias.


Na melhor definição, conforme dada por Steven Pinker (Como a Mente Funciona – Companhia das Letras), "Inteligência é a capacidade de atingir objetivos diante de obstáculos por meio de decisões baseadas em regras racionais, ou seja, aquelas que obedecem à verdade (correspondência com a realidade ou correção de inferências)".

Ou seja, especifica-se um objetivo, avalia-se a situação vigente a fim de saber como ela difere do objetivo e coloca-se em prática uma série de operações para que se reduza a diferença.

Assim, o ser inteligente figura em sua mente seu desejo antes de realizá-lo. Logo, ao final do processo de trabalho, aparece um resultado que anteriormente já existia, de modo ideal, na imaginação deste ser. Portanto, ao transformar o material que usa, imprime a este o projeto que, conscientemente, estava na sua mira.

Ora, rochas, seres vivos, planetas, sistemas bioquímicos, e tudo o mais que vemos na natureza, não se tratam de concepções que possuem determinado propósito ou que foram planejadas de determinada maneira, conscientemente por algo ou alguém, conforme pôde-se notar pela breve digressão feita acerca da inteligência.

Qualquer alusão que se faça a comparar sistemas, seres e outros corpos naturais a algo projetado, não importando caso se faça alusões a algum ser, valendo-se de jargão científico, é um retorno ao argumento teológico de Paley (o relógio na charneca), porém, da pior forma; travestido de científico, o que se trata de um engodo aos menos versados nas disciplinas de mesmo cunho.

Outro erro muito cometido também é achar que a inteligência a qual se refere o Design Inteligente, é para qualquer coisa. Aí nos vem na mente exemplos de coisas que consideramos imperfeitas, como um pássaro defecar na cabeça de um ser humano e logo nos perguntamos: "Seria o Designer [Que é um outro erro bastante cometido, pois designer não é design], inteligente mesmo?" Porém, no livro de Behe, aprendemos que o Design Inteligente não atribui inteligência a qualquer ocasião: "Se qualquer coisa pode ter sido planejada, e se precisamos apresentar evidências para prová-lo, não é de surpreender que possamos ter mais sucesso em demonstrar o planejamento em um dado sistema bioquímico e menos em outro. Alguns aspectos da célula parecem ser resultado de simples processos naturais; outros provavelmente são. Ainda outros foram quase com certeza planejados. E, no tocante a certas características, podemos ter tanta segurança que foram planejadas quanto qualquer outra coisa o foi". (pág. 210)

Bem, a partir de toda essa retórica vazia o próprio Behe refuta sua argumentação de design inteligente. Em uma ocasião é, em outra não é, na outra é mais ou menos, pode ser que é, mas pode ser que não é...

Que raio de teoria é esta que tem mais exceções que regras e não se define se o design (seu objeto de estudo, como assim dizem) é ou não inteligente (o cerne da questão) e foge do assunto quando se menciona o designer (o pilar da teoria)?

Novamente pergunto: qual a evidência de que algo certamente foi planejado? Alegar, “eu tenho certeza”, não basta. Tem de se trazer evidências.

A quem alega o positivo, cabe o ônus da prova. Todavia, Behe jamais demonstrou qualquer de suas afirmações por meio da metodologia científica, mas outros autores o fizeram no que concerne a seus três exemplos: a coagulação, o olho e o flagelo bacteriano.

Mas, para os adeptos do DI, a questão é relegada a inversão do ônus da prova, ou seja, “Eu vi um elefante voador! Se você não acredita, prove que eu não vi...”, ou à irrelevância, pois tal questionamento não é conveniente.

Em suma, Gabriel; A coisa é bem simples: esqueça Behe. Há muito, seus meros argumentos foram refutados, não por outros argumentos, mas por confirmações científicas de que a complexidade irredutível não é irredutível.

Isso é fácil se o leitor entender que o Design Inteligente não anula a seleção natural, que não é aleatória, nem a mutação, que é aleatória, nem a necessidade e nem o acaso. Ela apenas encontra sistemas que não podem ser explicados por esses mecanismos. Então o Design Inteligente se aplica a esses sistemas ditos "irredutivelmente complexos".

A seleção natural não é aleatória, mas a base de seu mecanismo, a questão genética nas populações, esta é uma loteria. Afinal ainda não sabemos como “fazer” determinado gene, para fazer aparecer determinada característica. Mas sabemos, e bem, como selecioná-los e obtermos o que desejamos de determinada espécie (ex: raças de bois, cães, gatos, galinhas).

Quanto à natureza, esta seleciona a característica melhor á determinado meio dentro da espécie. Uma vez que determinado fenótipo seja favorável a determinado meio, seus portadores apresentarão maiores vantagens contra aqueles que não o possuem. Ou seja, conseguirão mais comida, se reproduzirão mais e, portanto, terão mais chances de viver.

O fato de ainda não se ter conhecimento em explicar determinado mecanismo, não implica que tenhamos de simplesmente “chutar” a questão para um ser inteligente. Isso é um criacionismo tipo “deus das lacunas”, pois a cada brecha que a ciência fecha abrem-se outras duas para enfiar o magnânimo ser inteligente.

Além do mais o argumento do DI é falacioso, pois se trata de uma petição de princípio, pois a conclusão já se encontra nas premissas.

Ex. de argumento DI: “Descobri o design da asa do morcego e suas precisões matemáticas. Isso é algo que somente uma inteligência superior poderia fazer; logo o design da asa do morcego é inteligente.” Exatamente como você apresenta no parágrafo acima.

Ou seja, é Paley disfarçado sob jargão científico, sem considerar que seu último parágrafo descaradamente encerra com um argumento da ignorância. Ou seja, se a Teoria da Evolução - TE não explica, então aplica-se o DI, automaticamente validando-o (o DI está certo porque a TE não explica).

Outro argumento em favor da imperfeição é que aparentemente os organismos exibem algo "x" que não possui uma função: "[...]parece ser algo que foi de fato usado em algum tempo, mas que, em seguida, perdeu sua função. Órgãos vestigiais desempenham um papel importante nesse argumento".(pág. 227) Mas Behe alega que se nós ainda não descobrimos a função de "x", não significa que "x" não tenha função. Foi o que se pensou de várias estruturas como as amígdalas, a pélvis e o apêndice, que hoje sabemos possuírem funções importantes no organismo. E mesmo se alguma estrutura não possui função, isso não comprova que essa estrutura tenha sido "gerada" e evoluído de maneira gradual.

Bem como explicar ossos de pernas residuais em serpentes e resíduo de fêmur e pélvis em cetáceos? Todavia o argumento acima em nada fornece suporte á teoria do DI.

Para um órgão ser considerado como vestigial, não significa que tenha de ser desprovido de qualquer função, como afirmam os criacionistas em geral. Ser vestigial significa que apenas apresenta vestígios de uma função antiga ou que passou a ter uma função de menor importância que seu homólogo em outra espécie.

Os órgãos de uma determinada espécie são homólogos aos de outras, cada qual com suas adaptações e morfologias determinadas. Assim, um órgão pode ter uma função ou ser mais desenvolvido em determinado organismo e diferentemente em outro.

O órgão considerado como vestigial pode ser compreendido como aquele que perdeu sua função para a sobrevivência da espécie. Não se trata de lamarquismo, mas de seleção natural mesmo, contrária a sua propagação na espécie.

Quanto à questão referente aos órgãos vestigiais, segue
aqui e aqui um breve estudo, onde são apresentados mais exemplos com as devidas explicações.

A respeito desta classe de órgãos, é fato que houve erros de classificação de função. A Ciência aprende com seus erros. Mesmo assim ainda há muitos órgãos com funções claramente dispensáveis.

O próprio apêndice é o melhor exemplo. Ele pode ser removido sem provocar falta significativa ao organismo, e continua sendo toda vez que alguém sofre de apendicite. E questionável se ele faz parte do sistema imunológico.

Por outro lado, verificou-se em vários animais o mesmo órgão, cumprindo funções digestivas constantes, o que não ocorre no ser humano. Os criacionistas tentam alegar que o apêndice se inflama para evitar que algum outro órgão o faça. Seria muito curioso esse bizarro sistema de defesa, uma vez que quase sempre levaria o indivíduo à morte.

Por outro lado, pessoas que tiveram o apêndice removido apresentam maior taxa de infecção em órgãos próximos de no máximo 5%. Em virtude de seu baixo índice de produção imunológica, o do risco de contrair apendicite, o apêndice se torna mais desvantajoso do que vantajoso.

Há músculos rudimentares nas orelhas humanas e dos grandes primatas, que apresentam estrutura semelhante àquelas que propiciam movimentos do órgão em determinados animais.

O cóccix é um pequeno osso da parte inferior da
coluna vertebral. É constituído por quatro ou cinco vértebras coccígeas, soldadas entre si, sendo as inferiores progressivamente menores. A vértebra superior apresenta uma faceta elíptica que se articula com o sacro. Atrás desta localizam-se duas saliências verticais denominadas pequenos cornos do cóccix. De cada lado encontram-se dois prolongamentos transversais denominados grandes cornos do cóccixx.

O cóccix articula-se com o sacro através dos seguintes ligamentos:
O ligamento interósseo é uma fibrocartilagem localizada entre as respectivas superfícies articulares.
O ligamento sacro-coccígeo anterior une as faces anteriores do sacro e do cóccix.
O ligamento sacro-coccígeo posterior une a extremidade inferior da crista sagrada às faces posteriores das 2ª ou 3ª vértebras coccígeas
Os ligamentos sacro-coccígeos laterais são constituídos por dois feixes, um medial unindo o sacro aos pequenos cornos do cóccix, e outro lateral unindo o sacro aos grandes cornos do cóccix.

O cóccix apresenta um sério problema a
coccigodinea, dor na região do cóccix, é tipicamente desencadeada ou ocorre ao sentar-se e às vezes, agravada ao levantar-se.

A coccigodínea é cinco vezes mais freqüente nas mulheres que nos homens a faixa etária geralmente é aos 40 anos. Pode ter muitas causas, pode ser pós-traumática, começando com uma fratura ou contusão, ou após um parto vaginal complicado. Na maioria dos casos a ponta do cóccix esta sub-luxada ou hipermóvel, sendo a causa da dor é desconhecida nos pacientes com mobilidade coccígea normal.

A atual função do coccix se trata dele ser o local de ligação de nove músculos, os quais poderiam estar ligados a outro osso caso ele não existisse. Em animais com cauda, a função do coccix é suportar os ossos da cauda, pois é onde se ligam os nervos e músculos que a sustentarão.
Assim, Gabriel, um pouco mais de honestidade intelectual e leitura seriam bem úteis para propiciar um bom esclarecimento em torno da temática que abordou sobre órgãos vestigiais. O rol de impropriedades geralmente é oriundo de sites criacionistas, onde o que não interessa, varre-se para debaixo do tapete.

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