sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Malhação criacionista contra tataraneto de Darwin











Novamente surge a malhãção da teoria da evolução por parte dos círculos religiosos. Desta vez é contra Randal Keynes, tataraneto de Charles Darwin.


Vejamos a entrevista, embora o título já seja uma agressão a pessoa de Sr. Keynes.





O Estadão publicou entrevista com o tataraneto de Charles Darwin, o conservacionista Randal Keynes, que está pela primeira vez no Brasil, refazendo os passos do “pai” da teoria da evolução pelas florestas tropicais fluminenses – ou o que sobrou delas. Darwin passou três meses no Rio de Janeiro, entre abril e julho de 1832, e fez uma expedição de 15 dias sobre sela de cavalo e lombo de mula até Conceição de Macabu, no norte do Estado. Leia alguns trechos de entrevista:



1- Qual foi a importância do Brasil e do Rio de Janeiro para Darwin?Foi imensa.

O Brasil foi o primeiro lugar em um continente que ele visitou na expedição do Beagle. Foi aqui, no Rio, que ele viveu sua primeira experiência em uma floresta tropical “completa”. Ele adorava ir e voltar da mata, mergulhar no seu silêncio, na sua incrível diversidade de plantas, insetos e animais.


2- Ele já pensava sobre a teoria da evolução quando estava aqui?

Não. Naquela época ele ainda acreditava na “verdade literal” do Gênese. Ele não tinha a menor idéia de que poderia desenvolver uma teoria na qual as espécies mudam no tempo.

3 - Ele era um criacionista, então?

De certo modo, sim. Ele teve uma experiência muito importante no Brasil, que foi presenciar, de fato, a riqueza e a diversidade da vida nas florestas tropicais - coisa que ele só conhecia dos livros. Isso lhe deu um novo senso sobre a força criativa da natureza, que é o que dá origem à biodiversidade e que, mais tarde, se tornaria a base de sua teoria. (...)


4- O senhor esperava uma recepção tão calorosa e numerosa aqui?



Confesso que não. Estou emocionado com as boas-vindas, com o interesse das pessoas por Darwin e com o orgulho que elas sentem pelo fato de ele ter estado aqui. É muito bom ver os professores ensinando seus alunos sobre a evolução e sobre o mundo natural. Estou muito impressionado com a visão positiva que as pessoas têm de Darwin aqui. Ainda assim, o embate entre criacionismo e evolução continua forte.



5 - O senhor acredita que essa discussão se resolverá um dia?

Tomara que sim, mas não tenho esperanças reais de que isso aconteça. Isso mostra o quão difícil ainda é para os seres humanos aceitarem suas raízes animais e sua relação com o mundo natural.


Quanto aos trechos da entrevista, sem novidades; mas a nota (como sempre) é lamentável....



Nota: Keynes, assim como a maioria dos darwinistas fundamentalistas, não entende que os criacionistas não são fixistas e que, portanto, aceitam a biodiversidade e a variação entre os animais, até certos níveis taxonômicos limitados.

A seleção natural explica bem a sobrevivência dos “mais aptos”, mas não explica como esses seres mais aptos surgiram ou evoluíram de “ancestrais mais simples”.


E muito menos explica a origem da complexa informação genética. A última frase de Keynes revela bem a proposta evolucionista: macaquizar o homem e humanizar o macaco. Assim, o ser humano não é a “imagem e semelhança” de Deus; não responde a uma autoridade superior; as leis morais são mera convenção social – e o mundo está como está também por causa disso. Depois não reclamem.[MB]


Bem há diversas marcas de criacionistas, como os fixistas, os da Terra com 6.000 anos, os que aceitam variações pequenas nas espécies, os que aceitam variações grandes nas espécies, mas todos se restringem aos deuses como indutores destas variações ou da criação em geral.

Mais especificamente, os cristãos protestantes é quem formam o maior número de adeptos do criacionismo. Assim, todas as questões referentes à origem e evolução das espécies está restrita ao Deus bíblico.

A seleção natural não se trata de meramente explicar a sobrevivência dos mais aptos. Isso é uma limitação de conhecimento a respeito da teoria. A seleção natural explica como as espécies se adaptam ao meio em que vivem, bem como as mudanças que elas sofrem em decorência das solicitações que este meio lhes exige.

Como surge a vida, voltamos a repetir, NÃO É OBJETO DA TEORIA DA EVOLUÇÃO, MAS DA TEORIA DA ORIGEM DA VIDA, SEJA ELA PANSPERMIA OU ABIOGÊNESE.


Quanto as explicações de como ocorreu a especiação ou a complexidade genética, há teorias que explicam por meio de mutações causadas por agentes físicos, químicos e biológicos, seleção de um caráter mais adaptado ao meio que se propagou dentro da espécie, explicações por meio de mutações de DNA, etc.

Esta explicação está em disciplinas como genética, genética de populações, bioquímica, ecologia, e paleontologia. Basta não se ter preguiça e pesquisar um pouco nestes temas.

Não, a proposta evolucionista (termo incorreto para a teoria da evolução) não é "macaquizar" os seres humanos e "humanizar" macacos (sempre a infeliz retórica com mesmo bordão), uma vez que embora racionais, somos animais como qualquer outra espécie do planeta.

Se lermos o teor da entrevista, o Sr. Keynes sequer remeteu a origem do ser humano e dos demais primatas a um ancestral comum, embora isso até então, tenha se confirmado por meio dos fósseis encontrados, bem como por meio de análises genéticas.

Na cabecinha religiosa, o ser humano é algo especial, criado a imagem e semelhança de um deus (o qual não possui imagem ... deveras estranho!!!), estando apartado do resto do planeta. Esse é o mundinho do dever ser religioso, limitado, fechado em si mesmo, em relação a cada uma das crenças existentes no nosso planeta.

Todavia, não é assim que a vida é. Fazemos parte da biosfera como um tubarão, um carvalho, uma barata, um cachorro, um cogumelo, ou vírus da gripe ou um estafilococus. Este é o mundo do ser representado pela natureza como ela é, onde todas as criaturas vivas se enquadram.


A imagem e semelhança de Deus (no que se refere ao bíblico) não é em relação a um corpo, como equivocadamente os cristãos entendem. Esta questão está ligada a nossa capacidade de discernimento, entre o que é certo e errado, bom e mau, conforme a cultura de cada povo, a qual deu subsídios à formação das diversas ordens morais e sociais dos diversos povos do mundo.


Dentro de sua cultura ou crença específica, cada ser humano segue um regramento específico quanto ao que crêem em termos religiosos: uns acreditam que respondem a uma autoridade divina, outros crêem que se forem bons, dentro do padrão de suas culturas, irão para um paraíso, outros crêem que irão reencarnar em estágios mais evoluídos, outros crêem que virarão uma estrela no céu e vai por ai afora.

Isso também vale para regras morais e sociais, as quais buscam a coesão do grupo e a possível convivência social pacífica, que leve ao desenvolvimento da comunidade como um todo. Daí a necessidade de um poder central, antes, o do um rei ou chefe tribal representante dos deuses e seu séquito de sacerdotes; hoje de um governo (democrático, totalitário, ditatorial, de esquerda, de direita, monarquia, teocracia) e representantes do povo.

Para finalizar, segue a falácia non sectur, a qual os religiosos são especialistas em invocar de modo a falsamente dar lógica a seu raciocínio equivocado.
O mundo não está como está por conta de uma teoria científica que demonstra nossas raízes animais como qualquer criatura deste planeta.
O mundo está como está porque aprendemos a pensar e logo a cobiçar, a ser intolerante com os outros, a nos acharmos superiores aos demais humanos porque somos da raça X, porque acreditamos no deus Y, porque temos mais posses, porque nossa tecnologia é a melhor, porque nascemos no país Z, ou seja, o mundo é o que é por questões meramente ideológicas.

Como animais que somos, preservar nosso grupo faz parte de nosso instinto de sobrevivência, o que demonstra serem nossas regras nada mais que uma adaptação à convivência em sociedade de modo a preservarmos a coesão de nosso grupo para garantir nosso modo social de viver, nossa segurança, nossas provisões, e, portanto garantirmos nossa sobrevivência.

Com isso, demos um salto além dos animais; não fazemos nossa defesa somente pela força bruta, mas pela força do pensamento, incutindo idéias na cabeça das pessoas (teoria dos memes), que muitas vezes são desastrosas e potencioalmente mais poderosas que a força bruta, pois convencemos as pessoas a aceitar o que queremos que aceitem.

Entretanto, tal salto não representou nada que fosse diferente das regras de sobrevivência para os grupos no que concerne ao teor abordado pela teoria da evolução. Simplesmente sofisticamos a estratégia de nos adaptar ao que o meio nos solicita.

Mesmo atitudes altruístas dos seres humanos se tratam de uma estratégia para a sobrevivência, pois ao realizá-las, conquistamos um possível aliado e eliminamos uma potencial ameaça.

Assim, pertencer á religião A, ao país B ou a etnia C, em nada difere de ser do bando A, B ou C, o que é algo bem animal de parte do ser humano e... bem de acordo com a teoria evolutiva; garantir a sobrevivência e se adaptar ao meio em que vive.

Todavia, não é responsabilidade de nossos genes fazermos besteiras, que venham a prejudicar os demais. Essa responsabilidade é nossa, pois como seres humanos que somos, uma vez que pensamos e temos capacidade de prever as conseqüências, podemos frear nossos instintos.

Se não o fizermos, a própria sociedade o fará por meio de seus mecanismos de repressão. Daí, a invocação da seleção natural como causa das mazelas do mundo não ser argumento válido como justificativa plausível de nossos erros.

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