sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A Polêmica relativa ao Sr. Reiss Continua....





A cruzada criacionista em defesa dos delírios do Sr. Michael Reiss o sacerdote da Igreja Anglicana defensor do ensino criacionista nas escolas prossegue.... (aqui) sob o seguinte título:

Biólogo defende criacionismo e é expulso da RS



Um dirigente da Royal Society britânica que defendeu, durante uma reunião de cientistas, o ensino do criacionismo nas escolas britânicas demitiu-se por causa do escândalo nascido de sua proposta.

Michael Reiss, diretor de educação da prestigiosa instituição científica, e que além de biólogo é sacerdote da Igreja Anglicana, se viu forçado a dar esse passo porque seus colegas concluíram que sua fala havia prejudicado a reputação da entidade.

Bem, ele não foi expulso. Ao que parece, resolveu se demitir por seus colegas se oporem as suas idéias um tanto retrógradas, as quais realmente depuseram contra o prestígio da institução, que prima pela seriedade no ensino das ciências.

Estabelecer que o criacionismo deveria ser ensinado nas escolas realmente é uma grande bobagem, pois esta vertente, além de não possuir qualquer base científica plausível, se trata de patente desrespeito às demais crenças que existem no Reino Unido, como já fora debatido em postagem anterior.

Em um discurso feito no Festival de Ciências realizado em Liverpool, Reiss havia dito que era contraproducente tirar das aulas de ciência as teorias que se contrapõem à evolução, com base no fato de que não têm validade científica.


A contraproducência está realmente em travestir a religião cristã como uma ciência séria e cientificamente embasada, despojada de valores, de crenças sem fundamento e ideologias.

Em sua idéia, o Sr. Reiss não revela que tipo de criacionismo deveria ser ensinado, uma vez que suas vertentes variam conforme as crenças religiosas existentes e passadas.





De acordo com Reiss, os professores de Ciências não deveriam ver no criacionismo uma "idéia equivocada", e sim uma cosmovisão alternativa, em que acreditam muitas crianças que cresceram no seio de famílias cristãs ou muçulmanas.

Criacionismo é apenas cosmovisão alternativa religiosa, uma vez que cada religião estabelece quem foi o seu criador e de que forma esse suposto criador atuou.

Não há bases científicas a respeito de criadores de mundos e tão pouco de deuses. Mas há bases científicas para o que a Teoria da Evolução apresenta.

O Sr. Reiss confunde o acreditar científico com o acreditar religioso ao mencionar a crença de crianças que vivem no seio de famílias religiosas.

Aqui faria até uma menção a Richard Dawkins em Deus um Delírio:

"Não existe criança cristã, judia, islâmica, budista ou qualquer outra coisa, assim como não existe criança nazista, comunista ou capitalista." Crianças são crianças, querem brincar, viver e serem felizes.

Infelizmente essas crianças, desde a mais tenra idade são condicionadas por seus pais a a crerem em suas religiões, sem lhes dar qualquer chance de pensarem livremente sobre qual credo desejam escolher ou se não desejam escolher nenhum deles, o que se caracteriza como desrespeito a sua individualidade.



Ao se tratar da propagação destes credos, entramos no campo da memética, que é o estudo dos memes, que é uma unidade de informação que se multiplica de cérebro para cérebro ou em locais onde a informação é armazenada (e.g. livros). O meme assim pode ser considerado uma unidade de evolução cultural que pode ser propagada.

Assim, memes podem ser as idéias, partes de idéias, sons, línguas, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma (ver aqui).

Desse modo a religião, assim como qualquer forma de adquirir conhecimento, sob o enfoque da memética podem ser tratadas como memes. Todavia, o conhecimento científico é aberto à discussão e à correções, uma vez que ciências se constróem com base em observações diretas e/ou indiretas do mundo natural.

Quanto às crenças religiosas, estas são imutáveis e inquestionáveis em seus dogmas, o que as exclui do conhecimento científico. Aqui se enquadra toda a gama de criacionismos, superstições, mitos, valores sociais e ideológicos.


Portanto o equívoco existe na proposta do Sr. Rees em desejar transformar uma crença em ciência, gerando patente confusão entre crença e ciência o que demosntra não falta de conhecimento mas pura má fé em prol do proselitismo relativo a sua crença o que abala o prestígio da Royal Society como instituição séria no ensino das ciências.


O ganhador do Prêmio Nobel de Medicina Richard Roberts descreveu as opiniões de seu colega como "escandalosas" e escreveu uma carta ao presidente da Royal Society, Lorde Rees de Ludlow, exigindo a demissão de Reiss.




Como houve grave dano à imagem da instituição, no que concerne às confusões e a má fé geradas pelo sacerdote, não creio que fosse conveniente o Sr, Rees manter-se no cargo que ocupava.

Caso fosse mantido o status cuo, daria demonstrações que a instituição compactuaria com as idéias do Sr. Reiss, o que continuaria depondo contra a sua imagem de instituição séria de ensino.

O ganhador do Nobel de Química Harry Koto, também membro da sociedade, escreveu por sua vez uma carta dizendo que já havia advertido para o perigo de manter um sacerdote como diretor de educação da instituição.

Realmente, sacerdotes cuidando do ensino não se trata de algo conveniente, pois esse filme já foi visto ao longo da história.







A tendência destes personagens é mesclar a ciência, a história e os demais estudos científicos às crenças religiosas a fim de justificá-las como algo em que se deve piamente acreditar.

Isso é um grave erro, uma vez que a carga de subjetivismos é alta e ciências não se constróem com subjetivosmos, mas busca-se a máxima aproximação à verdade objetiva (mundo da alethea, tratado aqui)


Com a polêmica instaurada, a Royal Society divulgou um comunicado dizendo que os comentários de Reiss, que havia falado na condição de dirigente da entidade, se prestavam facilmente a "interpretações erradas".

"Mesmo que não fosse essa sua intenção, houve dano à reputação da Society", diz o comunicado, que prossegue:

"O criacionismo carece de base científica e não deveria ter parte no currículo de ciências. E se um jovem levanta a questão do criacionismo numa aula de ciência, os professores deveriam ser capazes de explicar que a evolução é uma teoria com sólida base científica e que esse não é o caso, de modo algum, com o criacionismo."

Realmete, o dano à credibilidade da instituição ocorreu. O mínimo que poderia ter sido feito era destituir Ress de seu cargo.

Realmente, o criacionismo carece de bases científicas, pois até hoje nada o respalda, alem do excesso de carga subjetiva, falácias e sofismas que apresenta em seus argumentos, sem considerar que se trata de um assundo que se encerra em si mesmo no dogma da existencia de deuses, o que o torna incontestável além dos limites relativos a esses supostos seres.

A Teoria da Evolução, embora seja constantemente reparada, como ocorre em todos os campos da ciência, possui bases sólidas, principalmente após o estudo da genética, por meio do qual pode-se determinar semelhanças entre genomas de diversas espécies, principalmente aquelas pertencentes às mesmas ordens taxonômicas.

Segue abaixo uma nota em relação à qual não há mencões sobre a citação de seus autores.

Exame da nota:

(O Estado de S. Paulo)

Nota: O Lord Robert Winston, professor de ciência e sociedade no Imperial College, em Londres, comentou: "Receio que, nesta acção, a Royal Society só se tenha diminuído a si mesma... Este não é um bom dia para a reputação da ciência ou dos cientistas... Esse indivíduo só estava argumentando que deveríamos considerar e debater os equívocos públicos sobre a ciência - algo que a Royal Society deveria aplaudir."

Não vejo qualquer diminuição na ação da Royal Society, mas apenas a reparação de um erro calcado na irresponsabilidade e má fé de um de seus membros.

Debater equívocos científicos se faz por meio de estudos científicos que sigam em direção oposta àquilo que é tido como uma visão confirmada, ou seja, é apresentar um estudo que desconforme o anterior.

Não é por meio de concepções pessoais ou religiosas que se constróem as ciências, mas por meio de ciências e seus estudos, conforme a metodologia científica.


Os "poderosos"da Royal Society conseguiram deitar por terra o lema da entidade "Nullius in verba", que significa que não devemos acreditar em ninguém, mas sim usar a ciência para estabelecer a "verdade das matérias cientificas através da experimentação em vez de através do recurso à autoridade". Papel aceita tudo...

Não, nada foi posto por terra; o lema foi seguido à risca. Realmente não devemos acreditar em ninguém (esse acreditar no sentido de ter-se uma crença sem comprovações que a respaldem), mas estabelecer-se a ciência a fim de que esta busque a aproximação à verdade objetiva.

Porém, não foi o que ocorreu com o equívoco patrocinado pelo Sr. Reiss:

1- onde está o estudo que dá bases científicas ao criacionismo?

2- que tipo de criacionismo é o mais correto ou se aproxima de uma verdade objetiva?

3- onde reside a experimentação no criacionismo, quais os métodos que essa "ciência" utiliza?

4 - quem é o verdadeiro criador, quem o criou, de onde ele ou eles veio/vieram e qual/ quais sua/suas pretensões?

5 - a religião apenas se baseia em falácias, principalmente nos argumentos da autoridade e da circularidade, ou seja, é o mundo do é porque é, pois assim eu disse porque está e escrito e fim de papo.

Portanto, não vejo qualquer posição autoritária da Royal Society e tão pouco desrespeito ao seu lema.

A maluquice do Sr. Reiss, como dos criacionistas em geral pode ser comparada àquela que supostamente poderia ocorrer em uma Faculdade de Matemática caso um professor surgisse com a idéia de substituir os métodos estatísticos de previsão e as teorias de probabilidades por leitura de búzios, quiromancia, astrologia, leitura de tarô, leitura da borra de café, I Ching, feng shui, leitura de baralho, entre outros métodos de adivinhação. Imaginem só se houvesse um debate questionando a metodologia estatística com base nos métodos de adivinhação.

Qual desses métodos seria o verdadeiro?


R. Cada conhecedor relativo ao seu método tentaria assegurar que o seu é a verdade absoluta e ninguém chegaria a lugar algum.

Essa é a verdadeira face do criacionismo e de seu correlato o DI: Tratam-se de um amontoado de concepções subjetivo-religiosas, sem qualquer respaldo científico, que procura se tornar a verdade absoluta acima de tudo, sem exigir qualquer confirmação científica.

Como não poderia deixar de ser, o "devoto de Darwin" (Veja) Richard Dawkins foi um dos maiores críticos da posição de Reiss. O ateu fundamentalista autor de Deus, um Delírio reagiu com tremenda intolerância aos leves comentários do professor Reiss.

Esse é mais um exemplo do nível de discriminação que existe nos meios acadêmicos contra quem quer que sequer mencione a possibilidade de se questionar o darwinismo.


Caso realmente Dawkins tenha reagido da forma ora descrita, agiu com racionalidade, pois os comentários de Reiss não passam de uma grande bobagem do ponto de vista científico, além de encerrar alto teor de má fé sob o ponto de vista jurídico e pedagógico.




Dawkins apenas procura estabelecer uma ciência livre da sombra religiosa, onde nada é confirmado, apenas se acredita naquilo que é determinado.

A nota também encerra o erro corriqueiro patrocinado pelos criacionistas, o qual considero uma alegação meramente retórica de que a Teoria da Evolução seria inquestionável, com o fito lança-la no mesmo mundo da crença religiosa. A nota, cometendo grande impropriedade conceitual, faz menção ao "darwinismo" que é o ponto estudado em sociologia denominado Darwinismo Social.

Este em nada se relaciona à Teoria da Evolução, pois se trata de uma visão equivocada desta teoria.
Portanto, a alegação acima referente a disciminações, é falsa, uma vez que tanto a TE como qualquer outra teoria científica são amplamente abertas a qualquer questionamento, diferentemente do que se passa no seio das religiões.

Simplesmente, não há nada científico que eleve o criacionismo a teoria científica, o que automaticamente o exclui do mundo acadêmico.

A "darwinlatria" continua.[MB]

Não vejo qualquer darwinilatria, mas excesso de irracionalidade, má fé e religiosismo por parte dos adeptos do criacionismo.
O que de fato parece ocorrer é uma bibliolatria a fim de descaracterizar a verdadeira ciência em prol do proselitismo cristão.



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