quinta-feira, 10 de julho de 2008

DILÚVIO E DINOSSAUROS. MAIS UMA....



Mais uma vez, surge uma analogia completamente equivocada a respeito de morte dos dinossauros tendo como causa o dilúvio (aquele da Arca de Noé).

Alerto aos leitores que tal analogia é completamete errada. Há diversas hipóteses sobre a morte dos dinossauros e o dilúvio não se encontra neste rol.

Todavia, os círculos criacionistas afirmam serem as pegadas fossilizadas dos dinossauros evidências de uma catástrofe hídrica, conforme a nota do comentarista encontrada aqui e, por nós reproduzida em sua íntegra.

Quanto a notícia, é deveras interessante o seu conteúdo. Nada de anormal. Mas, quanto as especulações do autor da nota, bem como as da senhora Ellen White soam lamentáveis.

Quanto a Sra. Ellen, tudo bem, pois se trata de uma pessoa que viveu de 1827 a 1915 .

Ao que parece, segundo consta em sua biografia (aqui) não foi uma pessoa que primou pelos estudos. Logo, é natural que a religião fosse sua fonte de conhecimento mais fidedigna.




Entretanto, tomar seus escritos como base para uma resposta a pesquisas científicas se trata de um grande equívoco, além de uma tolice desmedida, como será analisado mais adiante.

Vejamos o artigo:

Pegadas de dinossauros no Iêmen

Cientistas dizem ter descoberto, no Iêmen, pegadas de dinossauros datadas de 150 milhões de anos [sic]. Os rastros encontrados teriam sido feitos por um rebanho de 11 saurópodos e por uma outra espécie de dinossauro de duas patas que pertencia à família dos ornitópodes e comia plantas.

Segundo a descoberta, publicada na edição desta semana da revista científica Public Library of Sciences One, as pegadas não teriam sido identificadas antes pois estavam cobertas por escombros e entulhos.
As pegadas foram observadas pela primeira vez na região de Madar, ao norte da capital, Sanaa, por uma jornalista iemenita.

Posteriormente, foram classificadas como pertencentes a um ornitópode – um dinossauro grande que existiu durante o final do Período Triássico até o fim do Cretáceo.

Em 2006, uma geóloga da Universidade de Sanaa descobriu que as pegadas mais redondas, similares a dos elefantes, pertenciam a uma outra família de dinossauros – a dos gigantes saurópodos. Segundo Anne Schulp, do Museu de História Natural de Maastricht, na Holanda, que ajuda na investigação, “as pegadas estão muito bem preservadas”.

"O mais impressionante é que temos várias pegadas dos saurópodos, 11 dinossauros caminhando na mesma direção”, afirmou Schulp à BBC News.

"Trata-se de um grupo de animais de tamanhos diferentes, portanto, temos dinossauros de todas as idades vivendo juntos nesta localidade", disse.

Até então, apenas alguns fósseis de dinossauros haviam sido encontrados na Península Arábica, incluindo alguns ossos no Omã e possíveis fragmentos de um dinossauro de pescoço comprido no Iêmen. "É a primeira vez que encontramos pegadas de dinossauros na Península, portanto trata-se mesmo de uma primeira descoberta", afirmou Schulp. (BBC Brasil)

Quanto ao artigo, nada de anormal com ele. É até bem interessante e instrutivo.



Segue abaixo a nota comentando o artigo acima.

Nota: Não sou especialista no assunto, mas a disposição das pegadas me sugere um tipo de migração ou fuga. Isso parece ser reforçado pelo fato de haver duas espécies caminhando juntas. Para que pegadas fósseis sejam preservadas, os animais têm que imprimi-las na lama e, depois, essas mesmas pegadas têm que ser cobertas por outra camada de lama, a fim de que sejam protegidas da ação das intempéries e a lama possa petrificar. Fósseis de dinossauros e de suas pegadas são encontrados em várias partes do mundo e sugerem que houve uma catástrofre hídrica responsável por esses vestígios. Leia mais sobre isso clicando no marcador "dilúvio", logo abaixo.[MB]

Bem, a nota é muito sugestiva, porém equivocada. No mundo, há muito tempo caem chuvas, há inundações ou deslizamento de terras, como há rios e lagos os quais, em épocas de cheias cobrem a várzea e depositam lama.

Também, podem haver variações climáticas que secam rios e lagos, ou mesmo sismos, maremotos, furacões, erupções ou queda de corpos celestes que alteram qualquer paisagem.

Espécies animais migram juntas, como ocorre com os gnus, búfalos africanos e antílopes e, atrás destes, leões, guepardos, hienas e leopardos.

Os fósseis não sugerem qualquer catástrofe hidrica, exceto que tais animais existiram e muito pouco de seu registro se conservou.




Tão pouco, se uma catástrofe nas dimensões do dilúvio tivesse ocorrido, o planeta estaria morto, seja antes, seja depois, uma vez que a pressão atmosférica, supondo a água em estado gasoso, seria em torno de 350, a 400 atmosferas, sem considerar o efeito estufa, o que seria impossível para a vida como a conhecemos.

No máximo, poderia haver formas de vida tal como aquelas das fossas abissais.

Assim, tal nota é mais um dos devaneios do criacionismo, sem qualquer fiundamento científico.

Segue abaixo a nota da senhora White:

Ellen White escreveu há um século: "É verdade que vestígios encontrados na terra testificam da existência do homem, animais e plantas muito maiores do que os que hoje se conhecem. Tais são considerados como a prova da existência da vida vegetal e animal anterior ao tempo referido no relato mosaico.

Isto é óbvio, antes de Moisés, o planeta já possuia vida há uns 3,5 bilhões de anos. Veja aqui.

O que causou o gigantismo na Pré-história?

Como se explica a diferença de tamanho dos animais atuais em comparação com os grandes dinossauros da Pré-história?

Se algo surpreende um ocasional visitante de um museu de paleontologia, é sem dúvida o tamanho que possuíam alguns dos animais mais famosos da história: os dinossauros.


Seus ossos, fósseis ou reproduções, organizados para refletir fielmente o aspecto de seu esqueleto, mostram as dimensões destas gigantescas criaturas que evoluíram durante milhões de anos, para depois se extinguirem misteriosamente. Os mamíferos, por outro lado, quase sempre mantiveram um tamanho discreto.

As razões para esta diferença ainda estão sendo estudadas, mas uma das teorias sobre o assunto baseia-se principalmente na diferente constituição de seus corpos.

Mamíferos

Os mamíferos, que são animais endotérmicos, não respondem bem ao clima quente e tropical, já que têm dificuldades na hora de liberar o calor que produzem. Este calor é maior, quanto maior eles forem, por isto eles precisam ter um corpo reduzido para manter sob controle esta importante função biológica.




Nos trópicos, os poucos mamíferos que podem ser classificados como realmente grandes preferem sair à noite.

Os elefantes, por sua parte, usam suas grandes orelhas para liberar mais calor ao exterior. No mar existem alguns animais gigantes, como a baleia, mas se tratam de exceções fomentadas pela alta oferta de alimentos.

Além disto, a água lhes permite dissipar bem as cargas térmicas geradas por seus corpos, assim como sustentar sua enorme massa. Mesmo baleias e elefantes, alguns dos maiores mamíferos, só apareceriam no final da era Cenozóica, quando o clima se esfriou.

Os dinossauros, em contrapartida, viveram em uma época na qual os ambientes quentes eram habituais. Sem necessidade de ter um metabolismo muito ativo, seu corpo não teve dificuldades em seguir a tendência natural do gigantismo (seres vivos cada vez maiores e complexos).

Uma das hipóteses para o gigantismo pré histórico é a de que no início da era Mesozóica, um aumento na quantidade do dióxido de carbono na atmosfera provocou o aquecimento global, criando um ambiente perfeito para os animais exotérmicos. Além disto, a abundância de CO2 fomentou um maior crescimento das plantas, que também aumentaram seu tamanho. A disponibilidade de uma maior quantidade de alimentos e o aumento das temperaturas ajudou os dinossauros a ficarem gigantes.

Apesar de todas estas informações ainda não está claro se os dinossauros eram endotérmicos, como os mamíferos, ou exotérmicos. O que se sabe é que a rápida evolução dos primeiros arcossauros até os grandes répteis atuou como uma força seletiva poderosa na qual foram favorecidos os corações adaptados para responder bem às demandas exigidas pelo gigantismo.

Era necessário enviar às células quantidades suficientes de nutrientes e oxigênio. A solução do coração dotado de quatro câmaras seria ideal para a posterior aparição das aves, mas nos dinossauros não fez senão continuar favorecendo o gigantismo.

Mas com referência a estas coisas a história bíblica fornece ampla explicação. Antes do dilúvio o desenvolvimento da vida vegetal e animal era superior ao que desde então se conhece.

Por ocasião do dilúvio fragmentou-se a superfície da Terra, notáveis mudanças ocorreram, e na remodelação da crosta terrestre foram preservadas muitas evidências da vida previamente existente.

As vastas florestas sepultadas na terra no tempo do dilúvio, e desde então transformadas em carvão, formam os extensos territórios carboníferos, e fazem o suprimento de óleos que servem ao nosso conforto e comodidade hoje. Estas coisas, ao serem trazidas à luz, são testemunhas a testificarem silenciosamente da verdade da Palavra de Deus" (Educação, p. 129).



Bem, o planeta já passou por muitas mudanças e continuará passando por elas. Todavia não há qualquer evidência de dilúvio, seja por ter deixado marcas no planeta, seja por ser algo impossível de ter ocorrido, conforme anteriormente analisado.

Se realmente tivesse ocorrido um dilúvio, não haveria petróleo ou carvão no planeta, uma vez que o risco de toda a matéria orgânica ter apodrecido seria grande.







Florestas, animais terrestres e aquáticos estariam mortos e, tanto a água quanto a atmosfera estariam envenenadas, somente propiciando o desenvolvimento de saprófitas.

Não daria tempo do planeta se recuperar de tal catástrofe e reorganizar a vida como ela é hoje.

Tão pouco, não é coerente a afirmação de que todas as espécies mesozóicas eram gigantes. Havia dinossaurios do tamanho de galinhas e de pardais. Por que Deus não ordenou que eles entrassem na arca?

Certamente, um anurognathus (veja aqui os pterossauros), que era um pequeno carnívoro devorador de insetos seria bem mais útil a nós que um pardal que é um devorador de sementes.









Sendo assim, o texto da senhora Ellen White não possui nada de científico ou de lógico, não devendo ser um parâmetro para tratar de temas relacionados ao desenvolvimento de animais ou plantas, suas características ou evolução.

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